...tem dias que carrego um coração de chumbo e me canso.
Preciso de outros pensamentos, uns novos, uns diferentes, uns desses nascidos a pouco.
Me faço em trajeto, buscando caminho novo também.
Em mim que já sei decor, mudo que seja, o passo,
mas a pressa é a mesma.
Sem muita ternura, que sei, antes era mais usual,
sem muitas palavras,
e agora também sem verso, sigo em mim.
...tem dias que carrego poemas, tem dias que não e me canso.
Canso de recomeços e de cuidados.
De falar outra vez o que já foi dito.
De "chorar o leite derramado",
padeço de alma inquieta,
E temo não ter mais doçuras.
Conto o tempo nos dedos,
o tempo que cabe neles,
e fico ouvindo o barulho do relógio, infalível,
de pulso,
no ouvido.
Me canso mais fácil,
mais facil ser impaciente,
preciso de óculos para enxergar distante.
Fecho os olhos ainda, para não ver tudo o que está próximo.
Nem sempre falo o que me alfineta,
nem sempre quero também...
Não sei aliviar o peso aqui dentro do peito,
e faço mais contas nos dedos,
mais outras, de tempo em tempo.
Hoje, estou presa em mim,
de coração feito bola de ferro,
amarrada aos pés.
Mesmo que pudessem,
não iriam a lugar nenhum.