Quem sou eu

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Obras publicadas em Antologias Poéticas: Obra:Desconstrução Antologia:Casa lembrada, Casa perdida-Editora AG. Obra: Conquista Antologia:Sentido Inverso-Editora Andross. Obras: Nó e Falta de ar Antologia: Palavras Veladas-Editora Andross. Obras: Lembrança, Intento e Flecha Livro: Banco de Talentos. Obra: Alegoria Conceioneiro para a Língua Portuguesa-Portugal: Se eu fosse lua, fazia uma noite e Os poemas: Entre nós e Medida, publicados na Antologia Poética da Câmara Brasileira de Jovens escritores-RJ Sou brasileira, natural de São Paulo, Capital. Formada em Letras, Pedagogia e Psicopedagogia. Participei de vários concursos literários internacionais e nacionais.

segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Grilo Falante

Tudo em paz...
Até na guerra que faço,
ora me faço feliz,
ora vejo a cicatriz dos caminhos que segui.
Tudo em paz, na paisagem,
nas roupas limpas depois da luta,
na volta para casa, depois do luto.
Tudo em paz,
quando falo,
quando conto histórias,
quando penso por horas nas coisas que vivo.
Nas coisas que não vou viver,
nem vou ter,
nem vou ver,
nem experimentar.
Tudo em paz com meus olhos esverdeados,
com o sol de final de tarde,
e com as marcas da idade.
Tudo em paz com as lembranças do dia passado,
com os passeios planejados,
com os poemas exagerados,
com a falta de ar que sinto.
Tudo em paz com tudo que escolhi.
Tudo em paz, exceto essa voz interior que não se cala nunca.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Colcha de Penélope

Quero escrever, quero mesmo,
mas as palavras que tenho não farão versos é certo que não.
São fragmentos do pensamento,
de uma poetisa retalhada,
de mim que estou atada a um universo sem estrelas.
Quero dizer que as poesias que faço,
refaço assim que termino,
nunca estão prontas ou boas,
são pedaços dos meus caminhos.
E ando muito pelo meu pensamento,
tanto que páro e penso, páro e penso e páro e penso....
Só sei tecer as palavras-novelo,
faço durante o dia e desfaço na noite a dentro,
são intermináveis dilemas que tenho.
Ventania de palavras pelo tempo.
Tempo de palavras verdejantes,
da vingança da semente sem a flor,
das palavras que leio e do amor que escrevo.
E o que é o amor?
Para mim que sou poetisa, o amor é uma palavra.
Mas quando não sou dos versos,
o amor é indescritível,
só sei sentí-lo,
vê-lo,
tê-lo.
Depois de apreciar todos os sentidos,
encostar minha cabeça no último abraço.
Só sei ser sorriso, pois palavra alguma sabe dizer do amor que veio.
Só sei que preciso,
sentí-lo,
vê-lo,
tê-lo.

sábado, 22 de dezembro de 2007

Meia vida

Faço silêncio e pareço entender os golpes,
de um coração falido.
Escuto um ruido manso que se desprende do pensamento.
Não sei, mas chamo este som de lamento.
Imóvel para ouvir melhor...
Enfraquecido,
estranho,
meio triste,
meio ofendido,
meio sem abrigo,
sem querer,
sem buscar,
sem ter nada que o faça parar.
É assim,
meio errante,
meio independente,
meio sem fé, até!
Meio apaixonado,
meio estragado,
meio ao meio.
É assim meu coração,
meio partido,
mas,
por hora, recuperado de ter que ser, para sempre, um coração falido.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Desapego

É um desafinado canto que trago comigo.
Tentar saber o que falar...
Tanto tento que páro e também me calo, enquanto guardo o que nunca falo.
É um desajeitado encanto que trago comigo.
Tanto que reparo e páro para ver, o brilho dos meus olhos claros.
Enquanto procuro o que dizer, não são palavras que falo.
Tanto que não sei porque mas sempre me calo.
É um desafeto que consigo ter,
manter por perto o que não sei querer.
Tanto que não quero.
Enquanto procuro o que dizer, palavras são elos.
Tanto que nem sei onde começo e onde termino.
É um jeito de sobreviver, enquanto caminho.
E seguem assim feito de defeitos, meus afetos.
E seguem assim meio sem palavras,
meio sem destino,
meio sem motivos.
Enquanto procuro o que dizer,
a história acaba,
sem nem sequer sobrar uma palavra.
Tanto que não há mais nada.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Busca

Não é hora de ter nada mais ou menos.
Não conheço nada inteiro.
Meio feliz, não conheço.
Meio amor, não conheço.
Meias palavras para resolver.
Meios para entender.
Não é hora de esquecer, mas também nunca me lembro.
Não é hora de sofrer mas também não sei porque?
Não é hora de entender a não ser obeceder algum "velho" sentimento.
Se não pela razão, por ter de novo olhos brilhantes.
Se não pela certeza, pelo risco.
Se não pela mudança, pela diferença.
Se não pela luta, pelas perdas.
Nunca será hora certa de nada, posto que viver é escolher.
Nada será inteiro,
nem pelo meio.
Não existe o "cheio" que não se esvazie.
Nem o vazio sem ser cheio.
Nada mais ou menos,
nada plenamente,
nada completamente.
Sempre haverá uma busca pelo o que falta.
E o que falta?
Tudo, tudo falta.

sábado, 8 de dezembro de 2007

Morte

Um abismo de despedidas.
Há palavras que esquecemos, não porque são fracas,
porque são mentira.
Vivo a força do afastamento,
do confinamento,
do adeus sem volta,
das perdas,
da solidão.
Vejo o próximo abismo de palavras definitivas, de um não.
Não há volta, nem pergunta, nem resposta.
Só a força da contradição,
do que falta,
do fim de tudo.
Sigo culpada,
sem nada,
sem rumo,
sem quem buscar.
Sozinha.
Quem sabe num desses dias,
na madrugada eu acorde, e sinta pena de mim.
Viciada em vacilar,
só vejo o outro abismo de sentimentos que me roubam a razão.
Fui saqueada.
Ficou a loucura, meu corpo e a porta fechada.
Não mereço nada, só outro abismo,
que separe meu lado insano do meu lado são.
E no vão entre eles,
que eu tenha a sorte de um pulo preciso,
para não morrer em vão.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Ilusão

Tudo que sei é que algo aqui dentro não se acalma.
Alma bélica como se fosse a última luta.
Também sei que tento versos,
tento achar minha razão,
meus argumentos,
sabotando minha emoção,
calando minha vontade,
esmagando meu coração até que só sobre saudade.
Tudo que sei é que não me conheço,
que não mereço nada,
que não posso escolher minha estrada.
Tudo que sei é que não sou de ninguém,
que não amo direito,
que não vejo defeito em sofrer.
Tudo que sei é que não me defendo,
que não sei viver,
que me escondo,
que me protejo,
que fecho os olhos e não vejo.
Tudo o que sei é que só respiro,
e que respeito a força,
e a moça bonita que trago por dentro.
Tudo o que sei é que minto,
quando na verdade eu sinto,
quando na verdade quero,
quando na verdade espero.
O resto é tudo o que não sei.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Simplicidade

Só mesmo quem sente sabe, sabe da dor e da vontade. Vontade que ela se acabe.
Que tudo vire em amor e em caminhadas no parque.

Prefácio

Estou aqui nesta briga,
obrigo o verso a curvar-se,
atar-se na minha frase.

Esqueço que é livre, que vive por aí pelo vento,
desprendido,
meio à toa,
ora capturados,
e refens das páginas dos livros.

Quem disse que os versos estão presos nos livros? São sombras, deles ali.
Estão por aí,
nas paixões desmedidas,
nas canções dos felizes,
nas cicatrizes da vida.

Nos livros, ficam os versos "escravos",
tem fim, tem começo, tem preço.
Poetas também são carrascos?
sem piedade, sem dó?
Fazem livros, ajuntam pó.

Versos são livres,
são sós,
são palavras a esmo, recolhidas por olhos atentos.
Não há donos de versos,
há diversos versos sem dono,
sem livros,
sem linhas.
Andam livres de poetas tiranos.

Estes que faço só ficam um pouco e se vão.
Estão libertos.
Em vão é essa briga que faço? Mas faço.
Quem sabe, enquanto brigo, um verso de paz venha
e fique comigo.
Em tempo, faço um livro,
desejando que cada trecho habite a fala,
a sala,
a alma de alguém e não só as suas estantes.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Prece

Faço uma prece.
Não me apresse,
não me distraia, para que eu não cai.
Não saia daqui só de ausências.
Já sei-me distante,
alguém sem avesso,
de formas por fora ,
mas oca por dentro.
É dia em meu rosto,
mas noite e desgosto,
que trago aqui dentro.
Faço uma prece,
e quem sabe o vento apresse as palavras,
ou leve o silêncio,
que tanto me encara.
São raras as horas que sinto doendo,
palavras,
demoras,
memórias do tempo.
São dores que cortam,
que fazem sangrar,
são coisas da alma,
que fazem chorar.
São raras as horas de arrependimento.
Faço uma prece.
Faço o que posso.
Faço joelhos sempre eretos,
dobrarem-se no frio da madruga.
Me penitencio,
como se a vida não fosse de graça.
São horas de súplicas,
de tantas palavras que sempre me perco.
Pai olha para mim que não sei o que faço,
o mal que não devo ou o bem que conheço?
Sei que mereço a dor das escolhas,
das coisas que faço,
e as cicatrizes dos cortes,
dos laços, serão evidências de todos os meus passos.
Pai olha para mim...que não sei o que faço.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Borboleta

Andar pelos mesmos caminhos e vê-los novos.
Que arte é essa?
Fazer da estrada mais do que um destino?
Há de ser um risco.
Uma transformação.
Um início.
Uma saudável confusão,
uma revolução,
uma alma em movimento.
Há de ter alguma razão.
alguma equação,
alguma "matemática" do sentimento.
Razão sobre emoção.
Quem fará essa conta?
Que resultado terá?
O que confunde tanto as coisas?
No mesmo caminho, deixar o que fica.
No mesmo caminho, se despedir do que vai.
No mesmo caminho, mas com outras pessoas,
outras histórias,
outras urgências.
No mesmo caminho, mas com outro sorriso,
outro ombro,
outros amigos.
No mesmo caminho, mas com cores novas nas paredes,
outras roupas,
outro cheiro,
outro endereço,
outro trajeto.
No mesmo caminho, com outras janelas e outras estrelas,
outra decoração,
outra casa,
outro coração.
Outro jeito de chegar,
outra coisa para falar e muita fé.
No mesmo caminho, mas com outra palavra,
outra música,
outra vaidade,
outra verdade,
outras gavetas.
Hoje, numa tarde comum ouvi um poema incomum:
"Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade".

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Amargo

Aviso, o verso não pode vir.
Ventou um tempo.
Vazio.
Via láctea de Bilac, no papel.
Vi o nada.
Vi o fim.
Vi o que não consegui nutrir.
Vida feita de meias palavras.
Vi também o que não é.
Vi até o que não sou.
Vi no espelho um rosto triste na madrugada.
Vi o avesso do amor.
Vi o que você vê.
Vi que não basta crer.
Vi que não basta ser.
Vi que não basta ter.
Vivemos o necessário.
Vi você encapuzar meu coração.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Tempos melhores

Faz tempo o amor me encara, faz das suas...
Dá na cara que tem luz acessa na alma.
Faz brincadeiras com a minha calma,
pensa que pode ficar,
que pode chegar,
que há lugar.
Faz tempo encaro o amor,
feito de dor,
de renuncias e perguntas,
de pequenas coleções de olhares e lembranças e saudades.
Que verso piegas.
Ridículos são todos os apaixonados.
Autênticos,
desmedidos,
inacreditáveis.
Inconsoláveis em suas crises.
Insuportáveis em suas despedidas.
Intensos de sabor feito uma barra de cholotate meio amargo.
São em tudo capazes de mudar o mundo.
Donos das melhores idéias.
Engraçados,
nítidos,
abusados,
andantes,
ardentes,
lineares,
poetas,
lívidos,
pensativos.
Um copo d'água no calor.
São criaturas aladas, parecem ficção, conto-de-fadas.
São melodias preocupadas em marcar o momento.
São desatentos, estrelas em pleno dia,
e sol na noite a dentro.
Que transtorno é o amor.
Uma incômoda ventania que desarruma os cabelos,
que acelera a respiração e nada mais importa.
Uma gratuita sensação de "dias mágicos" que ficam testando o azul do céu.
Que confusão adocicada com gosto resignado,
são sorrisos sobreviventes, posto que o amor devasta tudo...
Felizes tempos...quando pensávamos que tudo iria ficar melhor depois.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Encontro nos desencontros

O amor deveria trazer dias de paz,
capaz de fazer sumir tudo o que não é amor,
fazer abrir a flor que vive no botão.
O amor deveria ser a seiva do coração,
a porção de passos que faltam na estrada,
ser o erro e o acerto,
ser virtuoso não vicioso,
ser justo não injusto,
ser sempre legítimo não ilegítimo,
ser de bondades e de maldades e de bondades outra vez.
Ser mal-me-quer que termina sempre em bem-me-quer.
O amor deveria se articular,
perdoar os desencontros dos encontros,
ser emblemático,
sempre ouvir " serenatas",
aceitar os abraços,
os deslises,
e todas as palavras que se pode falar.
O amor não deveria colecionar lágrimas.
O amor não deveria aparecer sozinho a 1 da madrugada...
O amor faz uma oração e esconde no fundo de lago seus desafetos.
O amor não deveria ser oficioso mas oficial.
O amor não deveria ser ético, deveria ser louco.
O amor deveria ter o gosto de atum com leite.
O amor deveria ser do MPB ao rock.
Deveria ser assim mesmo, feito de misturas estranhas...
Ter nome, endereço e um abraço a qualquer hora.
ie além dos livros de poesias,
Deveria ser uma história em quadrinhos.
Deveria vir em forma de anjo,
de chocolate meio amargo,
de surpresas.
Que o amor procure quem deve se encontrar!

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Desencontro dos encontros

Os desencontros dos encontros são caminhos sem chegada,
são estradas difíceis,
estações sem trem,
coisas guardadas para ninguém.
São palavras e palavras e palavras...intermináveis discursos traiçoeiros.
São sentimenos trapaceiros,
são pessoas que nunca sairão das fotografias,
das molduras,
eternizadas,
engessadas,
quietas mas cheias de ternura.
Os desencontros dos encontros é a falta de atenção do tempo,
é o descontentamento do que chega anos depois,
é a desesperadora promessa do amor enganado,
do coração falido,
de mãos infantis.
Quem há de estabelecer o perdão?
Perdoar a vida por não ter chegado na hora?
Quem poderá encontrar um caminho,
um motivo,
um jeito de sair da fotografia?
Há de se ter fé,
até que o tempo faça ou refaça a chegada dos que vieram agora.

* este poema surgiu de uma conversa na hora do almoço...

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Hoje

Hoje, aprendi que não posso querer tudo.
Nem posso ter a pressa dos meus 20 poucos anos,
nem posso fazer o tempo voltar, nem seguir.
Não posso estancar as lágrimas.
Não posso evitar a dor,
Não posso controlar o amor,
Não posso perder a fé.
Aprendi que o tempo vai além do calendário,
vai pela eternidade, segue nas veias da vida.
Vi que somos um sopro, que existir é algo divino.
Aprendi o quanto vale ver os olhos abrirem,
o quanto vale o ar, o quanto vale respirar.
Aprendi a ser cuidada,
a ser fraca,
a ouvir e ser abraçada.
Aprendi que não sei esperar.
Que ninguém sabe...
Aprendi que não sei nada.
Aprendi o que é querer se doar.
... acho que agora entendo a frase do poeta:
" é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã"

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Celeste

De nuvem em nuvem vi o Serafim
Será o fim desse passeio?
Hoje ele não veio.
Cadê meu anjo brincalhão?
O que finge ser durão, mas rasga sorrisos e gracejos...
Faz do céu um realejo ensandecido.
Cadê meu Querubim o que conheci naquela noite de estrelas,
brincando de lua cheia no canto da constelação?
Fico aqui feito Bilac,
imaginando a Via Láctea, e o que há para fazer por lá?
Até onde meus olhos podem alcançar procuro esses que voam.
Mais fáceis de se encontrar.
São tantos anjos e arcanjos ou são arranjos da imensidão?
Eles visitam as casas?
Entram e sentam no chão?
Deixam suas nuvens e o céu,
e fazem caminhadas por aqui?
Anjos, Aranjos, Serafins e Querubins...
Um é Miguel, outro Gabriel, outro Rafael
Mas...
outros nomes tenho conhecido,
sem asas,
sem cabelos cor do sol,
nem olhos cor de céu,
nem roupas especiais,
nem brancos,
nem transparentes

nem reluzentes.
São anjos-gente.
Choram conosco,
comem chocolate,
sentem dores e são donos de sorrisos que curam.
De abraços de paz
capaz de fazer, um aperto no peito passar.
Ficam felizes por nos ver,
e nos fazem crer nas coisas do céu!
Anjos-gente.
Que de repente estão do nosso lado e não voando por aí.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Mesmo faltanto alguma coisa...

entaoeassim
semacentosesemfim
meiosemfronteiras
semlimites
sembarreiras
meiogoiabadasemqueijomeioamorsembeijomeioesquisitomeiofeio
entaoeassim
semacentosem gramaticasemasregras
sempudores
semosmedosevalores
semascoisasqueaprendi
quemeioassim
aomeio
quempodeserseique
daparaentender
oquesediz
masquefeioeinfelizseria
seguirdessejeito...
Então,
com acentos e limites,
uma goiabada e um beijo,
um amor que vejo vir.
Tanta coisa eu aprendi,
de tudo, de tantos...
e com o tempo, não nego, me esqueci.
De pudores, medo e valores entendo.
São os limites que me fazem ter pés calmos, mãos atadas, e uma distância necessária.
Ora me lamento por saber tanto,
Ora agradeço.
Mas deve ser porque agüento,
e quero ver o belo e o feliz ao mesmo tempo,
só "tá" faltando alguma coisa.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Lilás

Essa loucura de existir
não quero ficar mais aqui,
peço anistia no seu país.
Nas entrelinhas dos versos
vai a doçura desse reverso,
a louca dança das sensações,
mas sei, vou desistir.
Lutar para que?
Vestir os vestidos de moça bonita,
fazer tranças nos cabelos,
andar em frente ao espelho.
Não tem sentido,
meu melhor vestido,
meu melhor sorriso,
meus desesperados e apressados encantos,
os meus " cantos de sereia" ,
e a maneira simples de ir embora.
Agora não tem sentido, lutar por mim que sou assim.
Não moro mais onde nasci.
Estou em outra casa,
outra estrada,
nas almofadas,
daquele jardim.
Fico entre as flores,
as coisas perfumadas,
as lembranças adocicadas das coisas que não vivi.
No seu país sou livre,
tenho as cores que quis,
as paisagens que escolhi, eu quis mesmo ficar.
No seu país nem lembro que fujo tanto,
nem que dói tanto,
nem que procuro tanto.
Faço de conta que seu canto,
foi a música que escolhi,
no caminho que seguir ver minha orquídea florescer,
tudo para me exibir.
No seu país durmo em paz,
tenho a tarde lilás,
um manto estrelado e o luar.
Vejo o sol, e o mar e a terra e o ar.
E bem que eu quis mesmo ficar...
Vai ver não tenho raíz,
e volto para o gris do meu lugar.
Volta para o meu país,
para quem sabe, um dia ter também por lá, uma tarde lilás.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Roda Gigante

Fico aqui com meus poemas e dilemas,

Finjo enfrentar as mesmas coisas,

diariamente,

intermináveis...

Coisas que não se explicam,

não cabem nas mil fórmulas familiares,

claro que se complicam,

de tão inexplicáveis.

Fico aqui com meus poemas e livros,

os que sonho serem meus,

os que leio e são seus,

os dos outros,

e outros que não conheço.

Me entristeço,

e amanheço tentando explicar,

como o dia deve começar.

Faço meus planos e desfaço assim que fecho a porta.

A vida é mais incerta do que pensei.

Nem meus poemas,

meus livros

e os problemas que me livrei,

farão do dia algo seguro.

Fecho a porta e quase sem rumo sigo.

Consigo alcançar o próximo pensamento,

Tenho que descomplicar!

... e juro que tento.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Plantações

Tem dias em que as palavras criam raízes,
São mais profundas que as cicatrizes,
as tatuagens,
as dores de amores,
e as cores dos sonhos que temos.
São tão fortes que ficam cravadas na memória,
entre um pensar e outro lá estão elas,
acompanhadas da voz de quem fala.
E ficam, voz e palavra, dando voltas dentro de nós.
São feito girassóis que procuram a luz,
São como as borboletas e violetas,
Bonitas!
Palavras são plantações inteiras de vida e morte.
Se ditas em tempo de seca, podem regar a terra.
Se ditas em tempo de guerra, podem pregar a paz.
A palavra dita em tempo certo é capaz de frutificar.
Purificar.
Crucificar.
Reavivar.
Palavras são plantações inteiras de vida e morte.
Sorte de quem encontra o que dizer para alguém.
E de suas plantações colhem palavras e alimentos.
É o vento que sopra onde quer,
ecoando pelo tempo,
espalhando palavras-flores,
enfeitando as mesas,
as casas,
os cabelos daquela mulher,
as camas dos que amam.
Palavras-flores entregues em dia de aniversário,
no final da tarde,
do nada.
Só para lembrar que a palavra precisa da voz de alguém para falar.
Palavras-fruto para matar a fome,
trazer perfume,
fortalecer quem não acredita que palavras-fruto podem nascer.
E que caiam as sementes,
na terra-voz.
Nascerão plantações inteiras de vida e morte,
enraizadas,
palavras crescem,
e serão colhidas outra vez.
Entregues outra vez,
as tais palavras-flores,
palavras-fruto,
que nascerão sempre da intenção da semente.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Casa na árvore

Se eu tivesse uma casa na árvore, me guardaria lá.
Quem sabe me visitaria um passarinho afinado,
uma nuvem para eu brincar,
e borboletas que saibam falar.
Com um pouco de água da chuva faria um café,
um bolo de folhas com cerejas e até a mesa iria arrumar.
Seria um belo encontro ...
Que fossem embora a nuvem, as borboletas e o sabiá,
iriam felizes por terem me visto,
como aprendi a melodias dos bichos,
já sei que posso assoviar.
Se eu tivesse uma casa na árvore, certamente não teria escadas
nem cordas,
nenhum jeito de descer.
Ficaria ali guardada,
feliz,
feito a princesa encantada,
no meio da madrugada,
chamaria estrelas para entrar.
Pela manhã, minha casa, que acordaria bem devagar
traria o sol, calmamente para um beijo me dar.
Teríamos tardes aquecidas,
flores coloridas,
e um pouco da luz da lua para o jantar.
Se eu tivesse uma casa na árvore,
seria festa lá dentro,
pois dançaria com o vento,
e as borboletas em movimento,
aprisionariam o tempo, para o tempo não passar.
Se eu tivesse uma casa na árvore,
teria uma parede de poemas,
com versos de amor e saudade,
não desses que "vampirizam" as energias,
mas que rasgam de alegria um sorriso no meio da tarde.
Teria também tela e tinta,
para a paisagen extinta, quem sabe se eternizar.
Teria fotografias,
brinquedos da minha infância,
e uma tremenda ânsia por saber cada vez mais.
Se eu tivesse uma casa na árvore,
certamente, agora
eu estaria por lá.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Colo

Vem cuidar de mim, enquanto não sei crescer...
E ando feito um pirata saqueando minha emoção.
Feito um ladrão que nem sabe o que levar,
e na bagunça rouba minha intenção.
Cuida de mim que sou assim,
meio contente, meio triste,
meio insistente,
meio insolente.
E veja se insiste porque de mim quem cuida sente,
a doçura e o lamento,
a brandura e o sofrimento,
a loucura e a sanidade.
Cuida de mim que sou saudade.
Cuida de mim que tenho a idade do meu espelho.
Que visto vermelho para sorrir,
e vejo tudo em preto e branco.
Cuida de mim enquanto preciso,
enquanto consigo,
enquanto não mudo.
Cuida do meu mundo,
Seja meu bem querer,
onde eu possa ter um sonho de cada vez.
Cuida de mim para eu crêr
que há uma estrada para meus pés,
um "punhadinho" de fé
e uma divisão.
Antes de mim, depois de você.
Cuida dos meus " porquês"
das minhas indecisões,
dos meus cansaços,
cuida desse abraço que não é de ninguém.
Cuida um pouquinho disso que sou,
de como estou,
me faça adormecer e acordar melhor.
Sem ofensas e sem promessas,
sem pressa.
Cuida dos meus defeitos.
do que foi feito da minha história,
varre minha memória,
crie um deserto,
cuida da minha volta.
É certo que quero o ar,
um pouco das gotas do mar,
e coisas para gostar.
É certo que um dia desses,
forte, serei " habitável",
um tipo de esconderijo,
um modo de afeição.
Quem sabe o seu abrigo.
Por enquanto... só cuida de mim.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

2007

Se apaixonam por tantas coisas as pessoas
Por retratos antigos,
por amigos,
por amigos dos amigos.
Por flores de outros jardins,
por Querubins,
Serafins,
que de tanto olhar para o céu,
se apaixonam por nuvens.
Se apaixonam por conversas raras,
por detalhes,
pela cor dos olhos,
pelo impossível.
As pessoas se apaixonam pelo inesperado,
por coisas loucas,
por si mesmas quando se permitem,
quando ajudam e são ajudadas.
As pessoas se apaixonam pelo gosto do suco de laranja,
pela passagem do sol no final da tarde,
pela casinha amarela que fica no caminho de sempre.
Pelo toque do telefone,
pela hora do almço,
pelo aroma do café,
pelos rabiscos do outro num papelzinho qualquer.
Pelo som da voz,
pela cor da roupa.
Por maças,
Por sorriso.
Pelo jeito de chegar.
Por perfume.
Por canetas.
Por cadernos.
Por conchinhas do mar.
Se apaixonam pelo o que não querem se apaixonar.
Pessoas se apaixonam e ainda vão se apaixonar.
Pelas mesmas coisas de antes,
por coisas novas,
por livros,
por versos,
borboletas e por histórias e músicas.
Até irão se casar...
e depois se lamentar, e se apaoxinar outra vez.
Pessoas são assim "apaixonáveis",
apaixonantes,
e vão levar suas vidas em busca
do outro na paisagem e nas coisas...
até que tudo vire amor.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

De 1971 até ....

Nem sempre sei como começar,
Quem faz poesia deve pensar,
em um começo?
E um fim?
Mas me esqueço.
que a vida é representar.
Faço de conta.
Finjo, ser a "menina bonita do laço de fita".
Fada encantada do meu conto.
No canto da casa, cantar.
Música que invento.
Som de lamento.
Meio desvairada.
Desafinada.
Desfeita em lágrimas.
Aí que sentimento!
Sou bailarina, quando quero dançar.
Faço um teatro dos "eus" que tenho.
Venho apressada me exibir.
Quem sabe assim consigo viver e não apenas existir.
Invejo os poetas,
Quero ser profeta cheio de palavras e fé.
Não quero mais poesia solúvel como café.
E vejo que a vida é feita de "des” e “atés”.
Aí que brevidade!
Ver desse jeito,
O fim e o começo.
Quem disse que mereço,
uma placa,
Uma lápide,
com data de nascimento
e data de falecimento.
Aí que desfecho!
Ver que a vida é um trecho,
da história que quero contar.
Ter um fim, ter um começo...
São poucas as linhas que tenho
Para tudo que quero e acredito.
E para um fim esquisito,
Precisam me enfeitar.
Com um vestido decotado,
se moça eu for embora.
Com um brinco e um colar.
Se eu demorar, colar de senhora.
Irão falar dos afetos e desafetos
que viram me afetar.
Entre risos e desalentos, até o enterro acabar.
Aí que fim, não mereço!
Por isso é que me esqueço.
Dos fins e dos começos.
Tentativa de manter vivo,
tudo que irá morrer.
Pois vejo que nesse teatro,
este que represento,
só me resta fenecer.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Contranarciso

em mim
meu vejo
o outro
e outro
e outro
enfim dezenas
trens passando
vagões cheios de gente
centenas
o outro
que há em mim
é você
você
e você
assim como
eu estou em você
eu estou nele
em nós
e só quando
estamos em nós
estamos em paz
mesmo que estejamos a sós

Paulo Leminski

Não Sei

Não sei ... se a vida é curta ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos tem sentido,
se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita.
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo,
é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela não seja curta,nem longa demais
Mas que seja intensa
Verdadeira, pura ...Enquanto durar.

Cora Coralina

Mário Quintana e o seu primeiro amor falavam de coisas que achavam bobas. Eles também não sabiam que levariam toda a vida procurando uma coisa assim.

'O meu primeiro amor e eu sentávamos numa pedraQue havia num terreno baldio entre as nossas casas.Falávamos de coisas bobas,Isto é, que a gente achava bobasComo qualquer troca de confidências entre crianças de cinco anos.Crianças...Parecia que entre um e outro nem havia ainda separação de sexosA não ser o azul imenso dos olhos dela,Olhos que eu não encontrava em ninguém mais,Nem no cachorro e no gato da casa,Que tinham apenas a mesma fidelidade sem compromissoE a mesma animal - ou celestial - inocência,Porque o azul dos olhos dela tornava mais azul o céu:Não, não importava as coisas bobas que diséssemos.Éramos um desejo de estar perto, tão pertoQue não havia ali apenas duas encantadas criaturasMas um único amor sentado sobre uma tosca pedra,Enquanto a gente grande passava, caçoava, ria-se, não sabiaQue eles levariam procurando uma coisa assim por toda a sua vida..."

Mário Quintana

sábado, 18 de agosto de 2007

Consigo estar comigo

Nada mais calmo que ter nas mãos caneta e papel, neste final de tarde.
De versos vãos, da tinta, do branco, do nada,
vejo que as palavras se juntam a meu favor.
Nada se perde.
Fico séria.
Sinto o ar, como se o respirasse pela primeira vez. (Arde aqui dentro...)
Palavras para viver ou morrer.
O que tentam dizer?
Nada mais calmo do que saber que, rendida, não me preocupo em entender.
Fazer o melhor verso,
Ser inesquecível,
mensurável,
ter começo,
forma ou dimensão.
Minha palavra é desprendimento.
De mim,
dos outros,
daqueles olhares que "pisam" na gente.
Da sucessão.
Nada mais calmo que este poema sem intenção.
Silencioso e bom.
Nada combinado.
Sem ninguém para me socorrer dos meus desafetos.
Nada mais calmo que um final de tarde como todos os outros, só melhor.
Muito melhor, por causa desta certeza.
...Sou eu quem decide!

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Fracasso

Se eu juntasse a palavra de cada poeta que conheço,
ainda assim, não teria um começo.
Não tenho essas palavras "desdobráveis",
essas que se articulam no coração,
fazem livre o pensamento e
acabam como saudade.
Agora o que tenho é um verso pobre,
exagerado de lamentos,
vitimizado,
meio andarilho...
Um verso onde falta a paz,
a doçura das linhas apaixonadas,
a loucura do segredos,
mas há um deserto de palavras,
secas,
ocas,
quase mortas.
Nenhum poeta poderá "salvar" o que não é verso.
O que se entrega,
desiste,
iniste em andar na beira do abismo.
Viver por sorte,
rasgando a alma,
e a céu aberto torna-se uma figura triste.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Intento

Quem me dera pudesse ser a voz de quem não consegue falar.
Ser a letra de uma música e até o caminho de quem anda sem destino.
Ser resposta para quem não sabe nem o que perguntar,
Uma carta cheia de promessas,
e também a memória cheia de saudade.
Quem me dera, do nada, ser lembrada, não pelo o que fiz, mas pelo o que sou.
E, nessa hora fazer muita falta.
Quem me dera, deixar um vazio no coração de alguém só por não ter me visto pela manhã.
Ser o motivo e a ânsia de chegar mais cedo,
mais rápido, logo.
Quem me dera ser descomplicada, desavisada e contente.
Pensar como aquela "Poliana" de 16 anos...
Acreditar como aquela moça de 25,
e ver minhas imagens amadas com a idade que tenho agora.
Quem me dera pudesse jogar fora cada rascunho que fiz,
essas coisas que nunca irão "nascer".
Fazer faxina na minha história e passar a limpo o que sobrar.
Quem me dera amadurecer,
sem dores,
sem choro,
sem perdas.
Quem me dera me entender,
me aceitar,
me perdoar.
Quem me dera, apenas neste dia, ter a paz que preciso tanto.
Quem dera que viver, fosse apenas respirar.

*Obra publicada no livro Banco de Talentos-2007

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Fragmentos

Se foram aquelas palavras criadas,
no meio de livros e coisas guardadas.
Fazem de mim uma poetisa cansada.
Não pelos anos ou pela estrada,
mas por saber que guardei palavras.

Há um segredo que agora conto.
Saibam poetas, todos, as há palavras amadas, que nunca serão ditas.
Estão ainda guardadas em suas caixas de medo.

Outras palavras, pouco a pouco, serão recados,
enviados,
se rendem a um leitor sedento.

Cada um levará a sua,
pela vida,
e, também, um pouco de mim.

domingo, 5 de agosto de 2007

Para os meus amigos...

Sobre amigos, descobri que cada um tem sua cor.
Os exaltados, briguentos que jamais se conformam com uma simples explicação diante da dúvida. Lutam até o fim pela causa que acreditam e acreditam mesmo que chuchu é a melhor coisa do mundo!
São "apaixonados" por tudo! (segundo Aurélio a paixão varia entre a lucidez e a loucura!)
São admiráveis e especiais, fortes, desdobráveis, agüentam o " tranco"... e lutam muito por quem amam.
Todo mundo sabe quando estão chegando e quando se vão fazem muita falta!
Esses são os amigos vermelhos.
De cada dez palavras ditas nove delas não se aproveitam para nada a não ser para longas gargalhadas e surtos de "bobeiras".
Esses amigos não podem tirar férias, mudar de cidade, sumir por um tempo...nada, não podem sair de perto de jeito nenhum.
Esses são os alaranjados pode ser um dia daqueles para você, um dia que deu tudo errado, você viu quem não queria, ouve o que não precisava, " erra" feio no trabalho, parece que nada vai salvar as últimas horas que se aproximam... lá está o "alaranjado" dizendo: "Que isso, tudo passa até uva passa!" pois é, só quem tem a alma " laranja" poderia fazer alguém rir diante de um problema!
Sobre eles ainda, são tão especiais quanto os vermelhos, pois só querem ver você sorrir de novo! E os apressados, andam rápido, comem rápido, falam rápido, sempre ofegantes como se fossem perder alguma coisa...
São sóbrios, analíticos, ansiosos, entusiasmados, criativos, cheio de idéias...cada idéia!
Para mim são marrom, são como o tronco das árvores, tão fortes e persistentes quanto os vermelhos e surpeendentes como os alaranjados.
Esses crescem e enchem a sua vida de generosidade e confiança, há segredos que só eles sabem! E os que são a própria calma, ..."calma, pense melhor, vem cá vamos conversar deixa eu te dar um abraço"... o mundo está quase caindo na cabeça da gente e os "azul-bebê" estão ali, provando para você que não há nada melhor do que o calor de um abraço de urso!
E os coloridos então, esses são raros, aparecem, talvez, uma vez na vida e são inexplicáveis... Amigos tem suas cores há outras, eu sei, são tantas, para cada um uma cor, ao longo da vida vão preenchendo essa folha branca que somos, um risco aqui outro ali...
Chegam e fazem da gente uma bela obra de arte!
São assim.

Migalhas

Não tinha intenção de escrever....
me SEDUZIU a palavra.
Vencidos, verso e poeta.
O que fazer se não me render à sua chegada?
Qualquer palavra hoje será bem-vinda.
Um adeus.
Seu nome.
Até a letra completa daquela música que esqueci.
Qualquer palavra, hoje, será bem-vinda,
capaz de acabar com este silêncio,
estúpido e arrogante.
Que seja um mísero "oi" coloquial meio educado.
Até por engano,
uma palavra sua,
será alimento neste dia empobrecido.

sábado, 28 de julho de 2007

Primeiro amor

Mais uma conversa séria, dessas de lágrimas e risos.
Só sei que meu coração é uma fonte de enganos,
Meus planos, tão meus, diferentes dos Teus...
Meus caminhos sem flores, de dores e cores que um dia eu escolhi.
Aqui, nesta parte deserta, incertas são todas as paisagens...
Enganoso é o meu coração, mas dele nascem as fontes da vida.
Meu alívio é falar sem precisar me explicar, pois sabe tudo o que vou dizer.
Em um dia como hoje, onde só acho que sei duvidar,
Acreditar que me ouve,
Me faz repensar,
Rever e tentar voltar ao primeiro amor.
Senhor,Teu cuidadoso, silêncio
Teu perdão,
Tua mão,
Teu coração de Pai,
Vão, mansamente, me dizendo que não fui eu quem Te escolhi,
mas o Senhor, me escolheu primeiro.

sábado, 14 de julho de 2007

PRIMEIRO POEMA DE ANA CAROLINA

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... e tinha tanta inspiração em dez dedinhos pequenos...batendo em dança sobre o teclado.
foi só uma brincadeira feliz, como todos os poemas deveriam ser.
Versos "crianças" chegam capazes de alargar sorrisos,
arrancar olhares adocicados,
se contorcer em "abraços de urso". (Ursinho Pimpão...)
São assim, elas são.
Cheias de versos soltos,
sem censura,
sem frescura,
sem trincas.
São assim " palavras de fraldas" prontas para deixar o caminho melhor, quando se aconchegam em braços tão "viciados" do que é comum.
Ana Carolina,
menina,
ainda nem sabe bem,
quanta força tem...

* ela chegou de repente, e começou a brincar comigo...nesta tarde, chovia muito, mas como estava ensolarado este poema!

sábado, 7 de julho de 2007

Preto e Branco

Tenho duas "tatuagens" em mim...
Marcas para sempre.
Ambas anunciam que a caminhada deve mudar.
Uma invisível, cicatriz do parto.
Outra visível, irão comigo mesmo que outros não caminhem ao meu lado até o fim.
São marcas decididas, escolhidas e aprovadas, eu quis.
Tatuaram minhas lembranças, minha memória e não só meu corpo.
Sempre que encará-las terei longos diálogos, longas conversas...
Muitas lembranças,
Muitas histórias e muita gente só em duas marcas.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Bagunça

...a única coisa que "pulsa" agora é uma incrível indecisão...dessas que fazem o coração disparar parecendo que vai evaporar aqui dentro.

Bate nas mãos, no estômago, na respiração...dá para ver no espelho o sangue indo e vindo nas pequenas veias aparentes.
Se nunca senti meu coração, agora acredito nele, está aqui se exibindo, em exageros para o meu corpo.
Bate até nos meus olhos . As imagens vão e voltam no compasso do pulso.
Resolveu aparecer mesmo e fazer uma bagunça nos meus sentidos.
Distração minha, aproveitador!
Coração de quem ama não precisa vencer.
Duvido que possa conte-lo, ele é que me contem.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Em construção...

Hoje não se trata de poesia. Nem sempre o poeta é poeta. Há dias e que o coração faz uma guerra por dentro. Motivos? sei lá...

No caos das emoções, se é que é possível, tenta-se, sem grandes sucessos, voltar a calmaria que a solidão proporciona.

Não defendo a solidão, mas é bem-vinda nesses dias bélicos e também não é nenhum defeito ser solitário.

Falei de saudades dias desses e disse que este é um sentimento mais forte quando as coisas estão no passado, talvez o único sentimento que nunca acabe. Outros, frutos de desafetos, de escolhas, de alegrias são "pequenos" desenhos que somem naturalmente, mas a saudade é uma "tatuagem" mesmo que apagada pelo tempo de algum jeito deixou uma cicatriz.

Também, me lembro, falei de coragem. Acho que os corajosos só o são porque sabem que " a coisa não tem mais jeito" e o jeito é ter "coragem" de encarar o fim.

E aqueles sentimentos " bipolares" ? Alegria e tristeza contidos em uma mesma "embalagem"... esses são os piores acabam com a gente. Quando eles chegam, chegam trapaceando e depois a sensação passa e dá um cansaço.

E sobre a humanidade e a divindade então...há coisas divinas como o perdão, e este, não é um sentimento é uma decisão, é um ato de vontade.

E coisas tão humanas como as paixões que aprisionam a razão e nos causam os tais sentimentos "bipolares".

E se lê em todos os lugares coisas sobre os sentimentos, ora bons, ora ruins e sem muito esforço de tudo que já se leu por aí, vem Clarice... "não se preocupe em entender. Viver ultrapassa todo entendimento."

Um dia terei um livro-solo também e, quem sabe, alguém irá citar-me em seus e-mails ( cartas modernas...) terei muito prazer em "emprestar" meu verso já que hoje, sou eu quem faz isso todo o tempo.

Isso não tem fim mesmo, está em construção... então não me culpo ( e este, é outro sentimento perverso... a culpa) por calar-me assim.

sábado, 30 de junho de 2007

O que?

Mais uma vez falo baixo.
Nem precisaria tanto disso se não fosse tamanho o silêncio.
Há sons que me encantam,
Há vozes amadas,
Cada "barulhinho" desses queridos, viram uma música perfeita.
Como agora, que ainda ouço as vozes de ontem.
Tudo, últimamente, vira poema.
Barulho,
Desenhos,
Imagens, coisas e pessoas...
Bichinhos pelo chão e até as dores no peito.
Silêncio...
Deixa eu ouvir essa "vozinha" que me fala agora.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Pai

Pai,
Onde anda minha palavra?
Meu amor e minha força?
Em tempo está minha oração.
Uma canção na noite, um pedido de ajuda na estação fria do ano.
Faz frio em mim.
Tua chegada sustenta minha fraqueza,
Tua morada é em um coração aflito.
Disposto e feito de razões sem fim.
Pai,
Mesmo que meu erro venha,
e que na noite eu sinta falta de Tua compainha, sei que o Senhor não se foi.
Me olha com amor de Pai e entende meus desafetos.
Pai,
Em Teus braços fica meu coração confuso.
Que Teus pensamentos dirijam minha intenção.
Que Tua vinda hoje, seja o perdão destes dias cansados.
Minha oração é que a Tua palavra viva em mim.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Poeminha para Ana Carolina

Pequena,
quanto você me encanta.
Me espanta a euforia da vida nas suas ligeiras passagens pela casa.
Colorida e divertida.
Quantos sorrisos me arranca já pela manhã...
Seus pequenos abraços todo tempo, refazem minha história.
De gratidão em gratidão minhas conversas se seguem com Deus.
Pequena,
Que amor é esse que me explora a alma como terra nova?
Me revela,
Me renova,
Revolve a terra seca e faz dela um jardim regado.
Música perfeita sua voz fininha pelo ar.
Pequena,
Nada de gris quando você está por perto...

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Flecha

Foi uma palavra sem endereço.
Ficou aqui, em torno de mim,
circulando no vento do meio-dia.
Tinha sol e o caminho era feliz.
Como todas as palavras amadas são, felizes...
Chega sem intenções,
Inveja os amores na rua,
Como se fosse sua cada letra.
Se desdobra para compor a frase de uma sexta- feira de inverno.
E de repente a frase chega com um adeus sem pressa,
Querendo ficar mais um pouco,
Para sempre, quem sabe!
Foi o trecho de uma poesia de alguém,
que, certamente, esperava por uma palavra amada.
Como flecha, acertou em cheio na frase uma palavra discreta: saudade.
E se foi, certa de que cumpriu seu destino de hoje.

*Obra publicada no livro Banco de Talentos-2007

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Lembrança

Das saudades que sinto,
não minto,
a mais especial é lembrar dos dias de sol e livros.
Leituras aquecidas.
O ventinho morno e sonolento que morava na minha janela.
Sons familiares pela casa.
Minha gata pelo chão.
Minha paciência sem fim.
Saudade é uma lembrança engraçada que pinça a gente no tempo.
Sinto ainda o gosto do suco de graviola,
e o som da musiquinha que sempre cantava nesses dias de sol.
Nos dias de hoje a saudade chega mais rápido,
por conta da pressa do tempo,
da ansia pela vida,
da maturidade.
Em pensar que daqui a um minuto tudo ficará no passado...

*Obra publicada no livro Banco de Talentos-2007

Encantamento

Vi o céu rosado no final de tarde.
Não era cor de inverno.
Vai ver que porque eu passava o céu resolveu colorir meu caminho.
Há dias em que a paisagem combina com a gente.
E andar pela rua só encanta a chegada da noite.
Há dias em que a beleza se rende e entende,
que o sorriso,
e os cabelos,
e o olhar são prenúncio de que o espelho não mente.
E nada pode provar que não é belo o que vejo.
Meu sorriso,
meus cabelos,
meu olhar...pelo menos hoje, não há nada mais bonito.

terça-feira, 29 de maio de 2007

Desenho

No papel é mais fácil dizer o que penso, embora Quintana diga ser isso vaidade...
Esses poetas cintilantes não precisam mais cuidar de suas palavras estrelas.
" Vaidade escrever, se sei tudo o que vou dizer"...
Aqui as palavras ficam tatuadas é o que sei desenhar esses pequenos rascunhos de versos.
De novo vou emprestar o que li por acaso na mesa de jantar:
" Viver é desenhar sem borracha".
E devo concordar, pois não encontro mais a minha.

02 de novembro

Tenho conversas comigo daquelas longas e chatas...
Apontando os desafetos, as coisas que não faço, pensando nos meus trajetos.
Nos tais projetos,
Nos amigos que não visito,
No jeito esquisito de amar alguém.
Nas coisas todas que a vida têm.
O tempo provoca meu rosto intocável, novembro chegando tão rápido.
Não posso contra esse gigante, leva minhas flores e meu ar de menina.
Novembro parece tão grande.
E agora me sinto Clarice - " mal posso acreditar que tenho limites,
que sou recortada e definida...e quando me olho no espelho não me assuto porque
me acho feia ou bonita...mas por tanta coisa sempre silenciosa".

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Pueris

Passei de repente pelas palavras e nenhuma queria ficar.
Ainda que todas queiram brincar, nesta noite irão dormir mais cedo.
Palavras precisam crescer para se tornarem poemas felizes.
Precisam de paz para entender estrelas, feito Bilac.
Precisam de um poeta que as dicipline enquanto são apenas meninas...
Essas palavras cor-de-rosa ainda nem sabem direito quem amar.
Meio adolescentes,
Insolentes.
Desmedidas e atrevidas.
Precisam crescer para se tornarem poemas independentes.
Por enquanto irão acalmar-se sob olhos paternais de um poeta.
Irão acordar no horário para cumprir seu destino, o verso.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Controvérsia

Quero sentir o ar e fingir que posso voar
Lembrando dos versos de Fernando, que o poeta é um “fingidor”.
Lamenta-se da dor que não sente.
Se alegra de júbilos que não são seus.
Ama quem não conhece e pede que seus versos sejam eternos.
“O poeta é um fingidor”.
Será que fingi o poeta, ou cria sentimentos onde não existem?
Faz um coração condenado amar.
Faz rei de um pobre coitado.
Traz sorrisos a uma boca inerte e se diverte com o prazer de alguém.
Adoça uma palavra amarga.
Enfeita um discurso triste.
Enlaça corpos em abraços que vão até o sol nascer.
Faz versos moleques, cheios de jinga.
Faz versos misericordiosos para quem é culpado
Para os que chegam de repente versos de avisos.
Faz livros e livros para escolher que verso se quer ter.
Faz improvisos que viram versos.
Faz versos que se docoram.
Versos adolescentes eleitos nas agendas cor-de-rosa.
Versos velhos de tão conhecidos.
Faz versos bobos de apaixonados e versos sérios de morte também.
“O poeta é um fingidor”.
Que me perdoe esse Pessoa.
Mas quem finge é o leitor.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Ouro

Um pouco de cada verso, um aqui, outro empresto.
Nem sempre chegam alegres.
Ora brigam comigo, ora se calam, se escondem.
Fazem do papel um campo minado.
Nunca sei de onde virão.
Calmos, nunca chegam.
Sempre apressados, ora atrasados.
Esse são versos " moleques" que conheço bem.
Tenho um pouco de cada verso para garantir o poema.
Versos "estrelas" para um poema noite.
Versos "parceiros" para um poema de solidão.
Versos "fecundos" para poemas enraizados.
Versos "certos" para poemas sobre o que não sei.
Misturo o que posso e encaro o desafio.
Como este que faço com versos "garimpeiros",
Abrindo buracos para achar as palavras.

Atraso

Um " não sei o que" dolorido passeia pelo meu corpo.
Pára um pouco como se quisesse descançar...
Me deixa como a paisagem de hoje, chovendo.
Nem posso dizer que é saudade,
Nem posso pedir sua volta,
Tâo pouco que melhore meu dia.
A causa é você, isso eu sei.
Sem graça e sem humor passam as cenas que vejo.
Que me console o desejo, esse ainda ''menino'.
Que conselhos você ouviu para me deixar chover?
Que palavras escolheu para não me dizer.
Silêncio sem cor.
Úmida e fria segue essa agulhada na " espinha". Certeira!
A causa é você, isso eu sei,
Mas nunca saberia se uma palavra sua tivesse chegado a tempo!

terça-feira, 22 de maio de 2007

Acaso

Deixei um recado bem escrito num papel qualquer.
Dobrei e no envelope vermelho guardei o que sentia.
Uma forma de confessar segredos para ninguém.
Não foi enviado.
Guardei o envelope e o recado,
mais um para a gaveta poética, onde fica tudo que é medroso.
Papéis, fotografias, bilhetes...
Este não terá outro destino.
Tudo ali tem endereço, mas nenhuma coragem.
Quem sabe o acaso não há de abrir essa gaveta...

Elogio

Deu uma volta pelo meu corpo e me levou para o espelho.
Será que a palavra veio?
Ouvi como um som adocicado cada letra que foi dita.
Juntou as mãos ao meu lado e com um sorriso me fez sorrir também.
Fez um elogio simples desses de encontros no corredor...
Mas sou capaz de ouví-lo ainda, como se falasse agora.
"Linda! "
Para quem não se vê assim, é quase como um presente.
É uma palavra contente,
dedicada, só minha e mais nada.

quarta-feira, 21 de março de 2007

Ironia

Fim de tarde com mar,
Com calçadas largas para caminhar,
Com o vento abusado que sacode as árvores.
Fim de tarde com árvores !
Com o doce de um sorvete de palito.
Sem os desvairados apelos do relógio.
Sem pressa.
Lenta.
Sem salto alto.
Sem papéis escritos,
Sem os gritos do compromisso do dia.
Sem um corpo aflito.
Sem sistemas nem problemas.
Fim de tarde sem rumo.
Sem obrigações.
Sem encontros agendados,
Sem troca de cartões.
Fim de tarde sem sono.
Sem ter que voltar logo.
Sem ter que mostrar a identidade na entrada.
Sem ter que torcer por uma vaga no estacionamento.
Sem parar em nenhum momento.
Tardes rosadas, regadas ao som do violão de alguém.
Tardes que se misturam com a noite e se vão calmas na presença das primeiras estrelas.
Tardes que terminam assim, só nas férias!

terça-feira, 20 de março de 2007

Remendo

O que a memória ama se eterniza.
Pois sem a saudade o amor vai embora.
Bem-vinda seja cada lembrança que adoça o desejo.
Que aquele beijo tenha a coragem que não tenho.
Venho cantando pelo caminho,
Faço versos e desenhos no papel.
Não era certo que a vida seria feita só de afetos?
De alegrias sãs?
Nestas tentativas vãs de ser poeta, cara-a-cara estão os abismos da palavra...
Acho que minto para guardar a doçura.
Manter um pouco de ternura e a paixão pelas minhas histórias.
Entre a dúvida e a certeza há um remendo.
Melhor viver entre elas, mantendo a paz das lembranças amadas.

sábado, 17 de março de 2007

Rumo

A gente cresce e a graça acaba?
Faz de conta que o tempo da maldade é apenas um uma ficção na TV.
A gente cresce e a lágrima agrada?
Faz de conta que chorar é remédio.
A gente cresce e a verdade some?
Faz de conta que sonhar é o melhor meio de sobrevivencia.
A gente cresce e o amor não chega?
Faz de conta que ainda que ainda nem nasceu.
A gente cresce e os queridos morrem?
Faz de conta que se foram pois queriam liberdade.
A gente cresce e a mansidão desaparece?
Faz de conta que é só um dia cansado.
A gente cresce e conhece o gris?
Faz de conta que é só a chuva lá fora.
A gente cresce e esquece?
Da doçura de criança.
De como é bom andar descalço.
Do gosto do sorvete de morango.
Da cor real dos cabelos.
Esquece do que gosta muito.
De agradecer.
Da letra daquela música.
De procurar aquilo que se perdeu.
Do rosto de um grande amor.
De estender as mãos.
De dar recados.
Esquece de vestir algo vermelho para ser notado.
Esquece de ter alguma coisa nova.
A gente cresce... e desaparece!

Prisão

Versos, sei que não morrem, só ficam por fazer.
Nestas gavetas há vários deles.
Pela metade, com uma única palavra, outros avessos.
Papéis rabiscados de tentativas.
Quando são terminados vira uma festa entre nós, poeta e verso.
Comemorações, perdão e registro.
Estabelecemos a paz do nascimento.
Pensando sobre os versos,ainda falta uma coisa...
Poesia e palavra, sem um leitor, morrem rápido.
A guerra começa.
Poeta que ama o verso,
Leitor que não os entende.
Rasgados por vezes, são feitos de dor e espera.
Leitor que não os entende.
Tirados da poeira, lavados e refeitos.
Leitor que não os entende.
Mesmo não tão perfeitos, filhos amados.
Pedaços de alguém.
Leitor que não os entende.
O poeta e seus versos são refens de todos os olhos.
Quem há de estabelecer o perdão agora?

sexta-feira, 2 de março de 2007

Descontexto

Nada de novo.
Mesmos caminhos,
mesmos carinhos,
mesmos retratos.
Mesmas as cores,
as dores de amores,
as violetas e todas as flores.
Os desajeitados bom-dias,
Os desafinados encontros pela casa.
O gosto do café e a fé para seguir em frente.
Nada de novo.
Rotina e a esquina que você desce.
Poucas palavras, quase nenhuma.
Nada de novo.
O amor não chega, somente, contente...
Faz festa e não faz,
Não fica e se vai.
Controverso e desmedido,tão contrário, tão a favor.
Nada de novo poderia esperar.
Posto que se consome de tristezas e se distrói de alegrias,
Posto que é o que é, até une desiguais.
Mas o amor "tudo suporta, tudo crê, tudo espera".
Quem não faz nada disso somos nós.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Ana

Você tem o melhor sorriso e o abraço mais esperado,
seus beijinhos pequenos, enchem de fé meu dia cansado.
As primeiras palavras desajeitadas são feito melodias encantadas,
tudo o que você faz é bom para a alma.
Ver seu sono me acalma.
Sua chegada me deu novos sorrisos,
Novas razões, novos motivos.
Enfeitei seu quarto,
Programei o parto,
Esperei o dia...
Fiz verso de seu nome,
desenhei, com meus dedos, seu rosto no ar.
Ensaiei com uma boneca como poderia te ninar...
Adormecida em meus braços mais um dia se vai.
O tempo te leva tão rápido...
Na calma do teu sono de menina, minhas orações se enclinam ao Pai.
Ana, promessa.
Ana, começa.
Ana, cheia de graça.
Ana recomeço de mim.
Por causa de seus olhos marejados, tento ser melhor.
Por causa dos seus sorrisos despretensiosos, meu amor se aquece.
Por causa do seu caminho sempre haverá uma prece.
E de retrato em retrado consigo tê-la comigo.
Pois tem qualquer coisa de anjo registrada ali.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Passagem

Sem obrigações, veio a palavra.
Como saber se vai ficar?
Descrever um poema em rimas, não se pretende tanto.
Desobrigada do verso,
Faz um passeio bem rápido pelos verbos e tempos.
Procura uma linha, um texto, um leitor desavisado, mas de olhos cativos.
Procura um leitor, desobrigado da gramática, da retórica, das regras...
Como quem chega sem querer e acaba ficando.
Como quem abraça e faz disso um laço.
Como alguém que estava passando e parou para olhar.
É asim a palavra quando chega, chega e pronto!

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Três “esses” de Quintana

Amanhece, silenciosamente vou pelo caminho...
De novo o primeiro “esse” – silêncio.
Pretensão a minha ouvir uma palavra pela manhã.
Não. Estava lá, como sempre está.
Na solidão do dia sem rotina, um toque de Sua mão.
“Será comigo?” – pensei humanamente.
Eu que não paro para conversar a tempos...
Eu que somente falo comigo?
Eu?
Sim. Há algo do céu...
Desajeitada como me sinto, nem sei me ajoelho, se não.
Nem sei se fecho meus olhos ou os mantenho abertos.
Nem sei se junto minhas mãos.
Colhendo lágrimas, volta o silêncio de “esses” que valsam na minha frente.
E sem querer... serenidade sobrenatural, pois tudo que traz alívio é divino.
Sem reparar no que fiz, se de joelhos, ou mãos atadas, olhos fechados ou não,
Agradeci a visita dessa trindade:
Silêncio – Pai,
Solidão – Filho,
Serenidade – Espírito.
Como uma oração que se faz de repente.

Conversa

Até aqui, pensei que a dor dos outros fosse sempre menor do que contam ser.
Pensei que algumas lágrimas fossem exagero.
Pensei que a descompostura de uma mãe diante da desobediência de fraldas, fosse impaciência.
Dei nomes e sentenças a tantas coisas que pensei...
Pensei que o amor sempre chegaria contente.
Pensei que crescer seria apenas ficar mais alta.
Pensei que ouvir com calma era apenas deixar alguém falar.
Pensei que manter a seriedade era não sorrir.
Pensei que dar algo à alguém era apenas entregar um presente.
Pensei que ajudar as pessoas era apenas dar uma informação que faltava.
Pensei que ser honesta era somente pagar as contas com todas as moedas.
Pensei que falar a verdade era dizer o que eu pensava.
No exercício dos meus três “esses”: silêncio, solidão e serenidade,
Pensei que eu fosse melhor.
No desfile dos meus defeitos vejo que nunca pensei direito sobre as coisas que vejo.
Tenho olhos inúteis, apressados e administrativos.
Tenho a mesma descompostura das mães diante da desobediência de fraldas...
Necessito de olhos sem pressa, que passeiam, que esperam e que pensam.
No segundo “esse” dessa conversar, já sinto que outros olhos me vêem.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Minhas

São minhas as coisas que vejo.
O sol desfilando de amarelo batendo sua luz em olhos esverdeados.
O dourado de alguns fios de cabelo,
O melhor sorriso para anunciar uma alegria.
Paredes cheias de retratos que denunciam a história de alguém.
Tempos felizes...
São tão minhas as coisas que vejo.
A tarde avermelhada que muda a cor da paisagem,
Os passos lentos e seguros de um bichano.
Os enganos de um coração confuso, ora ama, ora não ama, ora ama, ora não ama
O prazer de um banho quente.
Um copo d'água após o sal.
São tão minhas as coisa que vejo.
Resposta certas não importam, importa que sejam certas as perguntas.

Frases

Passeavam na rua sem se dar conta de que o luar estava filmando...

O poeta nunca perde o verso, não deve desculpar-se ou render-se aos caprichos do leitor. Apenas o verso descansa e virá quando puder! É o exercício da paciência para ambos.

Enquanto a palavra não chega, posso emprestá-la, assim como faço agora: "Há leitores que acham bom o que a gente escreve. Há outros que sempre acham que poderia ser melhor. Mas, na verdade, até hoje não pude saber qual das duas espécies irrita mais." Mário Quintana.

Palavras são gaiolas que podem aprisionar os olhos para sempre!

Quem pensa que o poema termina com a última palavra escrita é apenas um leitor. Não conseguiu ainda a sua liberdade!

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Sem querer

A noite chega e anoiteço também.
Fui coberta com um manto de saudades.
Tenho saudades da menina bonita,
do laço de fita.
Dos pés descalços na calçada molhada.
Dos cadernos de poesia,
Das bonecas confidentes,
Do cor-de-rosa das mochilas que abrigaram meus segredos.
Dos que ainda vivem em minha memória.
Das brincadeiras, das fotografias, dos doces lamentos do primeiro amor.
Dos passeios especiais,
Das cartas decoradas,
Da pressa em viver...
Dos meus olhos esverdeados no rosto queimado de sol,
Dos cabelos de Rapunzel,
Dos chocolates escondidos na gaveta,
Das coleções,
Da beleza que o espelho provava ser minha.
Saudade da primeira vez que ganhei uma competição.
Sem querer veio a saudade, e nesta noite as estrelas não estavam no céu,
todas tomavam conta de mim.

Vaidade

A palavra é minha.
Livre vai no vendaval de uma vida.
Chega, descansa um pouco, mas segue sem disfarces.
Quando é, basta ser!
Quando se oculta, basta calar-se!
Quando grita, basta um lamento e no momento único do verbo, desfalecer.
Recuperada segue a palavra até ser tatuada no papel...
Se escrita, aprisionada!
A palavra é livre em sua valsa própria de escolhas.
Se ficar terei comigo, os que leram alguns versos...
Seguindo, me levará aos que nada sabem de mim.
Posto que é a palavra livre, então sou eu a prisioneira.
O que importa não é ser poetisa.
Importa, deixar rastros...