Quem sou eu

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Obras publicadas em Antologias Poéticas: Obra:Desconstrução Antologia:Casa lembrada, Casa perdida-Editora AG. Obra: Conquista Antologia:Sentido Inverso-Editora Andross. Obras: Nó e Falta de ar Antologia: Palavras Veladas-Editora Andross. Obras: Lembrança, Intento e Flecha Livro: Banco de Talentos. Obra: Alegoria Conceioneiro para a Língua Portuguesa-Portugal: Se eu fosse lua, fazia uma noite e Os poemas: Entre nós e Medida, publicados na Antologia Poética da Câmara Brasileira de Jovens escritores-RJ Sou brasileira, natural de São Paulo, Capital. Formada em Letras, Pedagogia e Psicopedagogia. Participei de vários concursos literários internacionais e nacionais.

sábado, 30 de novembro de 2013

Indulgência

Em ressureição...
Hoje dou vida a pequenas alegrias, embora tanto deva morrer,
que em tempo não sobreviveria, hoje não...

Hoje vou de afetos,
revendo o amor, esquecendo abismos, o acaso e o tempo,  meio de lava pés.

Hoje me dou perdão.
"Porque quem ama transgride."

Hoje que é dia de nada, mas comemoro,
brindes com café,
conversas nos meus porões,
escritos impublicáveis,
e minha meninice de sempre que me salva tanto de mim.

Hoje me rasgo em sorrisos faceiros sugados de lembranças que amor e memórias são de mesma raíz,
eu gosto do que gosto,
desenhos,
rabiscos,
escritos,
um tanto de música para a trilha sonora dos vivos,
e vou renascendo,
ouvindo um "levanta e anda" adocicado,
amoroso,
da voz que conheço bem.

Hoje tenho salvação,
amanhã, amanhã não sei...






quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Agulha

Vivo de alegria estranha, que faz sombra nos amanheceres  que tenho,
vez por outra, me tece em trizteza às agulhadas que solta ponto,
e, sem preço choro.

Choro de alinhavo, nem dura tanto...

Minha alegria é estranha, porque tristeza nem é tão ruim,
ruim é não conseguir mais ficar triste,
encapsulada,
em desencanto, em desalento tamanho que muda a gente.

É na tristeza, na anarquia do coração,
que  dou costuras,
consertos,
reformas,
refeitos.

Dou sorrisos estranhos,
nascidos dessa  estranha alegria em aprender
nem pouco, nem tanto,
o que me baste, quem sabe,  para continuar de esperança,
porque a vida é,  como bem dito já:" um rasgar-se e remendar-se".



sábado, 2 de novembro de 2013

42 fósforos e uma mensagem

Eu sou talhada ainda, coisa que me faz deste jeito, aos poucos, às lascas e essas, essas doem mais...mas me acerto com Deus.

Não me dou tão bem com o "preatear" dos cabelos, nem com o "esgarçar" das fibras, mas me distraio com a "graça" e a vida, e com o tempo me fazendo visita, não envelheço assim tão fácil...

Eu sou saudade de tantas coisas, de todas, das "sem lei" também, e saudade pinça a gente de jeito sem fim, reune tudo e tantos que mal cabem nos meus sorrisos.

Eu sou assim, perdi gente querida, tanto para a "morte" quanto para a "indiferença", duas coisas que atravessam o coração de qualquer um e nos calam aos engasgos.

Eu sou assim, "inchada" de verve, o que me salva o coração de menina, que confesso, nem combina com os "42 fósforos riscados" até aqui, coisa que aceito sem melodias nem rituais.

Felicidade é ainda sentir tudo saborosíssimo, não ser resolvida em muitas coisas, nem ser tão madura assim, tedioso demais ter tudo na "ponta da língua"...

Felicidade é o café de todo dia, a gratidão "desajeitada" por estar na existência, a expectativa pelo o que há de vir e os "queridos" que abrigam quem sou sem reservas, porque eu sou assim.

E, também sou tudo o que não digo.

Eu sou assim, vou esperar sempre pelas "mensagens" que ainda não chegaram...

E tudo, tudo mesmo  fica entre Deus e eu.



domingo, 13 de outubro de 2013

Hiatos

E nos fazemos casa que abriga tudo,
e alimento aos que nos devoram lento e muito,
e nos deixamos inclementes e insanos nas mãos de todos,
e seguimos sendo o que nunca fomos.

E nos engasgos do não dizer,
fica a palavra pisada, em chão de angustias, em terra estrangeira,
em solitude eternal...

Nos salvamos.
Não há eternidade  no que cingido de inércia dá-se ao movimento.
Que atina numa manhã qualquer de que a palavra é ombro,
e braço forte,
vive em  hiatos.

No vão das coisas é onde somos,
o que essencialmente somos,
uma hibridez constituinte que separa impotência de onipotência.

Com a palavra erguemos bandeiras,
desconsideramos conselhos,
enfrentamos o dia mau.

Com a palavra dizemos quem somos, nos elegemos!



quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Esperando a primavera

A vida é assim um vai e vem de coisas e pessoas,
remexem a nossa terra, é um chove, seca, chove, seca sem fim
que vento ajuda nessas horas...

Bate brisa na cara da gente e passamos a reparar
em passarinhos e em suas pequenas asas,
a gente voa por dentro...

Vida é assim uma aragem,
que separa a terra boa da ruim,
senão mistura tudo e joga-se a semente.

Por certo plantou-se esperança,
e passamos a reparar no broto porque a  rega é a espera.

E depois, reparamos na folha,
que um dia se vai, seca e cai...mas antes disso,
tem a flor, que é um jeito da vida pedir desculpas por tanto "bem-me-quer",
"mal-me-quer" que desfolhamos.

domingo, 15 de setembro de 2013

Nós duas

Somos duas...

Uma é nobre e gentil,
de fé, de força e sentido,
filha da poesia,
costurada de encantos,
quase cria da perfeição.

A outra é grosseira e vil,
tecida de cicatrizes,
sempre na corda bamba,
só viva porque respira,
dada a improváveis,
sina da degradação.

Somos uma, sempre em duas.

Sempre em luta,
ora ganha a que é terna,
ora não.

Fico com elas,
e no mais bélico enfrentamento, cochicho com Deus...






domingo, 1 de setembro de 2013

Argumento

De quem é a culpa dos meus pés ou do caminho?
Só sei que devo esgotar agora todas as tentativas,
deixar-me vazar, cumprir a sina de ver escoar a última gota no "sangradouro",
deitar por terra os cestos vazios.

Ando de memória entulhada, um excesso de lembranças, um acúmulo de exageros,
uma medida de sensatez e o dobro de insanidade,
faço mistura e alimento desse tanto,
mas os cestos seguem vazios.

Viver não basta, ter os dias aprisionados no calendário,
e as horas num relógio não fazem vida,
este não é o meu respirar,
ver ano passando,
década acabando,
e o tempo em movimento contínuo tecendo o fim das coisas.

Não acabei ainda, me sobraram os cestos, são meus,
se meus pés andam equivocados,
dou a eles novos caminhos,
novos passos,
é trajetória de um só, por isso vou sozinha, mas eu volto,
eu volto, com os cestos cheios.





terça-feira, 9 de julho de 2013

Feita à mão

Tecendo minhas rendas, fiquei na primeira linha  do verso que não nasceu.
Queria falar de amor,
das coisas mais aquecidas, queria aos pés da dor abrir sorriso,
escancarado e sem siso,
de jeito meio insano,  assim meio desvairada  mas não me veio nada.

Ainda nas minhas rendas, junto palavra aqui e ali,
que roupa terá o poeta, de que se enfeita esse errante?
De que é feito este instante?
Do que vou falar adiante?

Ainda distante do amor, e não porque sou menina,
que dessa já foi-se à tempos as tranças, a dança, a boneca...

Não vou de versos de amor,
não chegam neste tear, vai ver ainda é dor o nó que desatou,
o afeto que faltou,
o beijo que me negou,
o laço que não se fez.

Ainda não é minha vez,
que amor é coisa de gente "costurada", ando ainda no alinhavo,
não posso com o soltar dos pontos...


domingo, 7 de julho de 2013

Testamento

Que eu não deixe nada sem endereço,
Até aqui, na contagem dos meus dias sou testemunha,
no choro houve consolo,
na falta, houve pão,
no corte, houve cura, se sorte, se não, não sei agora...
Ainda que tenha faltado oração,
sobrou bondade.
Ainda que tenha faltado justiça,
sobrou misericórdia.
Ainda que tenha sido pouca a leveza de coração,
sobrou paz.
Sou a única guardiã de um tesouro finito,
não tenho herança para deixar,
não das que se contam, se somam...e somem.
Nada como riqueza, além dos meus pensamentos, dos meus afetos, dos meus pequenos feitos.
Meu legado é coisa feita a cada dia,
sem acúmulos,
com parte na lógica do amor,
com outra no poder da razão.
Meu destino é sentir,
e quando eu for embora que nada vá comigo,
que eu não deixe de falar,
nem de ouvir,
nem de agradecer,
anda aqui, que eu possa reeditar o amor que não cabe só em mim.
Que nada fique comigo "pra" eu ir certa de ter cumprido a sina.

sábado, 18 de maio de 2013

Desenvenenar

Escrevo para não perder a crise,
vou com cara de acerto de contas, dessas contas da vida que é o molejo das minhas palavras
e que não sei se irão me salvar a doçura.
Não tem nome o que sinto,
e minha temperatura não é normal,
tudo ficou alterado,
explosivo,
vou de coração minado,
desconfiado,
enfurecido,
desconcertado.
Inferno e paraíso juntos no mesmo dizer.
Escrevo para não perder o tino,
para resumir o drama,
por desforra,
para me absolver dos pensamentos impublicáveis.
Escrevo para me curar da loucura que me fez calar,
para quem sabe, diluir um pouco o veneno deste mundo avesso.



sábado, 11 de maio de 2013

Invasão

Vou provocar o silêncio, já que humana duvido,
e mesmo sem culpas, há trancas e enguiços na minha esperança,
nem sempre a palavra me faz visita...
Me dou à coragem de evitar solidão, silêncio é coisa séria eu sei,
mas como estou salva da perfeição, provoco.
Procuro a palavra, sou assim...
Aguento rápidos abandonos,
encaro defeitos com certa precariedade,
aceito de pronto antagonismos e masmorras,
mas não sei lidar com ausências,
a falta que me faz papel e caneta,
a gente aprende obediência pelas dores que sofre,
assumo o desrespeito, já que silêncio é coisa séria,
mas nasci assim,
meio poeta, e juro, não escolhi é sina.
Na indiferença das palavras,
vou ser diferente.
Sou de versos indomados
e no fim das contas o que não sei mesmo é lidar com o silêncio.



quarta-feira, 1 de maio de 2013

Acordo

Soletro  sentimentos, porque esqueço,
porque não aprendi.
Assim  é comigo, com tantos.
Vou meio aos tropeços e deslizes  e desleixos acovardando a alma,
abandonando o que me nutria,
e não era pão e palavra,
era mais,
a tutela divina.
Deixo nas nas mãos de Deus, o que é devido às minhas,
e demonizo tudo que é desejo,
carrego um balaio de bondade, torpeza, sinceridade, loucura  e sanidade.
Espero milagres sem ter fé neles,
alardeando a alma de tanto impossível que nem sei.
Quem há de talhar os dias que tenho ainda?
Soletram meu nome para lembrar ou aprender,
e nele cabe uma imensidão trôpega das coisas que me fazem ser assim, como sou.
Me chame, mas saiba que não irei sozinha,
porque esqueço,
não aprendi,
sou imponderável,
dada aos poucos riscos, sempre em construção.
E sendo assim, aceito as brechas,
faço as pazes com o desconcerto de me erguer e cair,
e pelas minhas contas,
tantas outras vezes ainda vou me desconstruir.
Me chame, mas não irei sozinha,
perdoe a minha  falta de chão,
que perdoo sua falta de asas.






domingo, 28 de abril de 2013

Cura

As nuvens antes de nuvens são desenhos,
os dedos antes de dedos são o toque,
os braços, antes de braços são um laço não um nó, que nó aperta, mas laço enfeita.
Os olhos antes de olhos, são as palavras de quem não fala,
e são também as declarações,
as orações,
as negações,
de onde "vazam" as coisas que não tem "silueta", é tudo o que habita a alma.
Se os olhos forem bons, todo o corpo o será.
As flores antes de flores são a prova da semente,
a gestação dos frutos,
o sabor na boca.
A boca antes de boca é o portal daquilo que nos contamina,
engano a privação dos prazeres do alimento, o que contamina é o que sai, não o que entra.
Os pés antes de pés, são o destino de alguém...
As coisas não são o que parecem ser,
e o mais "atraente"  pode estar em estradas menos viajadas,
em nuvens,
em flores,
em sementes...onde tudo começa.





sexta-feira, 26 de abril de 2013

Fragmento

Fiz encomenda hoje,
dei de ombros para as coisas impossíveis, "atmosféricas", longe das mãos.
Hoje me faço sentinela do dia, sem esperar nem pouco, nem muito, quem sabe, só mesmo a porção que me cabe.
Nem espada e nem arado, que para a luta há de se ter condão e para a plantação sementes melhores.
Fiz encomenda hoje,
só com as coisas que eu sei,
desentorpecendo a vida,
no ritmo do divino.
Há mais ainda,
e terei sorriso como destino,
amor como promessa,
e a fé para todas as coisas.
Minhas encomendas?
Devem chegar em breve!

domingo, 31 de março de 2013

Lasso

E por falar em amor,
só se for sem carolices,
sem céu de estrelas e sem tanto cuidado,
que amor  que é amor mesmo, vem meio sem "porquês" e ninguém explica, só sei que contamina a gente.
O coração vive alinhavado,
as forças desdobradas,
e por mais silêncio que se faça,
o pulsar das "veias" é barulho que se ouve longe.
Tudo o que se faz agita distâncias,
e nem sempre a gente chega a ser feliz.
Amor entorpece a gente,
 é razão de nossos infernos,
e meninices,
e destemperos, sempre solta um ponto nessa má costura.
Nos dá viço,
mas é vício  e vaidade,
amar não é para amadores...

domingo, 24 de março de 2013

Julgamento

A palavra tem seu jeito de chegar, e a boca que abriga suas letras,
nem sempre é regada pelo coração,
nem sempre obedece a ordem, a ética e a hora,
bem sei e ela sabe,
que não entende de "momentos certos" ela arrebenta nos ventos,
quando a gente vê virou fala.
Bem sei e tantos sabem que nem sempre encontram diálogo e morrem
sozinhas, abraçadas em si mesmas.
Da palavra ou da boca,  de quem é a culpa?
Como me sinto um tanto de tudo "tombando" sempre em tudo o que falo,
vai ver o jeito é conviver com o engasgo,
e fazer um tratado de silêncio,
porque no fundo a culpa é do ouvido que não sabe dançar a valsa dos verbos.





sexta-feira, 22 de março de 2013

A Gente é assim

Tem dia que é assim, 
a gente só fica pensando no que todo mundo pensa.

Pensa que tipo de gente é essa que dispensa alegria,
nunca olha para o céu,
e não repara em formigas.
Vai ver que céu é grande demais e formiga  pequena  demais.
Gente tem problema em aprender com as coisas,
e sofre demais para desaprender quando aprende.

Gente é matéria complexa,
se fazem em estudos e saberes,
entendem de tudo,
mas perdem o condão de tomar  café em copo de pinga,
sentar no chão e abraçar os joelhos.
Não encostam mais a testa  nas mãos enlaçadas,
param de enrolar os dedos nos cabelos,
vivem sem muitas outras meiguices.

Gente para ficar bonita, foge do sol e vai empalidecendo a existência,
e tem dia que é assim,
para ficar em paz não come doce,
para saber-se imperecível não liga para o amor,
porque doce e amor alteram a gente.
E alguém disse que riso, tagarelices e bobagens não são mais coisas para a idade que a gente tem.

Tem dia que é assim a gente não fala só pensa,
Deus me livre crescer demais...














sexta-feira, 15 de março de 2013

Fragmento

Nada podemos contra os estilhaços,
coisas "quebráveis"  são assim, delicadas e frágeis,
embora bonitas e de "cara" perene, basta um descuido.
Descuidar é não por mais os olhos nesses "cristais",
é conviver com a certeza de que estão lá,
e só.
Ficamos em mãos alheias, todos nós "quebráveis" deste mundo.


domingo, 3 de março de 2013

A vida

Não vejo a vida sem decepções, mas também não vejo sem as paixões.
Nem vejo a vida sem as tentativas, sem trivialidades e sem complicações.
Tudo se complica vez por outra, tanto e muito que o coração enfraquece.
Não vejo a vida sem o pensamento, o lógico, o atordoado, o platônico, o insistente.
Pensar, como bem dito por um certo Fernando, que era Alberto ( não vejo a vida sem ele também) "pensar é estar doente dos olhos" e precisamos entrar em acordo, sempre.
Não vejo a vida sem a reflexão daquilo que poderia ter sido mas nunca foi e como seria se... a vida sem a condicional seria estanque e sem esperança.
Não vejo a vida sem café, líquido dos sábios, poetas, fumantes, sonolentos e batedores de papo.
Líquido além do aroma e sabor, cada gole junta a gente.
Não vejo a vida sem um dilema, nem sem uma causa mesmo que silenciosa e sozinha.
Qualquer caminho não serve não, mas no momento da insensatez qualquer caminho serve sim e nessa hora o vento leva a gente.
Não vejo a vida sem amigos e inimigos são da mesma matérias só com doses diferentes de amor e piedade.
Não vejo a vida sem sons e cores nem sem sabores, sem experimentar um pouco de tudo na arte de se manter lúcido.
Não vejo a vida sem ser metade, sem procurar a outra e por vezes mais de uma vez, posto que nada é definitivo a não ser a vontade imensa de continuar inteiro.
Não vejo a vida sem pequenas sandices, sem manias nem esquisitices, todos somos um pouco estranhos para os outros e os outros para nós, tem por quem nos apaixonamos sem eira nem beira, tem por quem não sentimos nada, e a indiferença queima mais do que o fogo, consome e mata.
Não vejo a vida sem trabalho, nem sem o trabalho que dá tudo isso,
sem as comparações e nem sem as superações que ora são nossas ancoras e ora nossas correntes,
mas que nos deixam atentos quanto à necessidade de respirar.
Não vejo a vida sem uma taça de vinho, tal como o café, só que com mais requinte porque anestesia e perfuma e arrepia a pele.
Não vejo a vida sem livros, nem sem caneta e papel, a vida sem bilhetes não diz tudo.
Não vejo a vida sem  a tecnologia com fios e nem sem fios, no meio desses nós a geografia se dissolve e tal qual o café e o vinho, congrega à todos.
Não vejo a vida sem a dor, sem as idas, sem casas vazias e sem o fim das coisas, ela sendo cíclica  recomeça e o que doeu alivia, o que se foi abriu caminhos e nos tornamos habitáveis, porque tudo em todo o tempo recomeça, se refaz se constrói.
Não vejo a vida sem Deus, mas esse livre que transita da mente para o coração e faz a gente seguir de alma lavada...
Não vejo a vida sem mim, já que existo, e já que existo é certo que não foi por acaso, alguém há de cuidar de mim e eu de alguém, fazendo história.

E a vida até aqui, até onde sei e sinto tudo valeu!





sábado, 9 de fevereiro de 2013

Meio assim

De vez enquando, vou de meio-sorrisos,
metade de mim meio triste,
insiste tanto com a outra metade,
mas não sai sorriso inteiro.
Eu não azedo.
Eu não arredo pé de mim.
Faço de tudo para me adoçar.
Meio assim desavisada ando acreditando mais um pouco,
não desisto de sorrir mais uma vez,
não é só por mim mas pelos outros.

Atrevimento

Atrevimento de poeta fazer confissões, é para ser absolvido das imprudências,
de suas próprias culpas, das coisas impublicáveis que pensa.
Atrevimento de gente que se sente livre por dentro mas preso de algum jeito,
que tem a sorte garimpar palavras, mas a sina de anunciá-las.
Poeta é coisa bonita, mas enfeitiçada,
que não é feito de coragem, só de ousadia,
é quem vive na trivialidade, no compasso do que percebe,
na métrica do que recebe.
Poeta é coisa incansável,
incomum,
se contrai e se expande,
é parte divina e parte profana,
e inventa seu jeito de chegar do outro lado,
é o outro lado que importa.
São nossas margens, vivemos nelas...





quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Estatura

Destraidos demais não convocam mais valores e juízos,
andam pegadas impensadas,
inflamando o verbo,
desfazendo as contas,
guardando o coração no bolso.
A escolha é estrago.
deixa rastro e desafeto,
é meio sem remissão quando sai da gente de qualquer jeito...
Destraidos levam a vida e as cargas da desatenção,
as mãos separam, não juntam,
o ar viciado do acaso inebria tanto que afeta os sentidos,
não vemos mais de que tamanho somos.
Se perdemos o norte, é hora de protestar,
voltar ao centro,
olhar melhor...
Um tanto de lucidez há de temperar os nossos resmungos,
de olhos bem abertos,
pra ainda ver beleza no que está fraco,
saudade do que está perto,
e uma grande vontade de vestir "nossas próprias camisas",
e tomar as rédeas do que parece indomável.
Olhando bem, somos bem maiores do que o tamanho que temos.




quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Ante-sala

Sorrisos e lágrimas são construção em mim.
Os sorrisos se fazem trincheiras,
e o choro exorciza inimigos, vou aos poucos me edificando.

Não me importa tanto a poeira que levanta empilhar desafetos,
são das ruínas que trago,  dessas não me livro, não me afasto... brecha.
São minhas cavernas e abismos,
e defeitos, e cirandas que me dou à alma abissal, lavada de humanidade.

Sem garantia de continuar bons começos, nem certeza de chegar aos finais,
são as minhas "ante-salas" e  fico nelas sempre.

Mas também tenho meus decretos e bandeiras,
e sei o trajeto dessas cavernas,
e nessas horas quebradiças, saio delas  porque minha fé é meu cimento,
e rasgo sorriso vez por outra   porque deles também sou feita.