Quem sou eu

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Obras publicadas em Antologias Poéticas: Obra:Desconstrução Antologia:Casa lembrada, Casa perdida-Editora AG. Obra: Conquista Antologia:Sentido Inverso-Editora Andross. Obras: Nó e Falta de ar Antologia: Palavras Veladas-Editora Andross. Obras: Lembrança, Intento e Flecha Livro: Banco de Talentos. Obra: Alegoria Conceioneiro para a Língua Portuguesa-Portugal: Se eu fosse lua, fazia uma noite e Os poemas: Entre nós e Medida, publicados na Antologia Poética da Câmara Brasileira de Jovens escritores-RJ Sou brasileira, natural de São Paulo, Capital. Formada em Letras, Pedagogia e Psicopedagogia. Participei de vários concursos literários internacionais e nacionais.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Sem título

Preciso crer que não só eu mais muitos são frutos da obviedade.
Que muitos daqueles que amo, também tropeçam em seus próprios cadarços.
Que nem sempre conseguem manter a língua sob controle,
e que o vértice de si mesmo, seja si mesmo.
Que falta coerência vez por outra,
falta bondade também,
que sejam cumplices da trivialidade,
humanos e não divinos intangíveis.
Preciso crer que choram com poesia,
e que também carregam dores que são sólidas,
que passam por coisas que exigem seu sono.
Que assim como eu, pensam vinganças,
já tiveram sonhos eróticos,
já fizeram coisas "indizíveis",
já defenderam causas,
e de tanto que sonharam, hoje convivem com a inocência desgastada.
Preciso acreditar em pessoas comuns,
no perdão das minhas falhas,
e das novas falhas,
e de outras...
Preciso não ter medo de errar,
de viver tentando fazer o melhor,
refazendo o que achei que fosse melhor,
desistindo do que nunca foi o melhor.
Preciso que acreditem que as minhas insensibilidades foram despercebidas,
e outras propositais,
e outras fruto de dor...
Preciso de pessoas que não questionem os meus "pôrques",
que não vejam que só sou insensatez, pôrque não sou!
Que não concordem mas continuem me amando.
Mesmo que eu não tenha mais filhos,
nem seja convencional,
e mude meus valores.
Preciso acreditar que os que amo são comuns, "sujeitos as mesmas paixões" que todos são.
Preciso de tempo, de espaço, de ar.
Preciso acreditar que *"...vou amadurecer, caso consiga... e que vou envelhecer, pois é preciso".


* citação de André Comte Sponville

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Evolução

Em tempos assim,
como coexistir com os que conhecem sinfonias, sabem reproduzir sons afinados das melodias,
fazem descobertas científicas,
são tantos que dominam a arte,
a poesia,
trazem a existência coisas inimagináveis,
exorcizam as sombras,
rejuvenescem pessoas,
mudam a cor da pele,
criam um mercado de carbono para vender e comprar o ar.
Em tempos assim como coexistir com os que fazem vacinas,
curam doenças,
escrevem teorias,
estudam os movimentos do universo,
descobrem estrelas e vão até elas.
Em tempos assim, como coexistir com as grandes invenções,
a modernidade,
a rapidez,
a prontidão?
Com a inteligência sempre vestida para uma festa.
Como coexistir com a primícia da criação?
Em tempos assim ainda há fome,
muitos que não podem ler um poema, uma carta, uma letra, seus direitos.
Em tempos assim, muitos morrendo a espera de ajuda,
lixo que vira comida,
crianças soltas na vida.
Em tempos assim,
tantas condenações, tanta ausência.
Como coexistir com tanto poder e nenhum coração.
Em tempos assim ainda precisamos gritar por socorro!

quinta-feira, 24 de julho de 2008

...em vasos de barro

Se não tenho respostas penso que não há lugar para pequenos sentimentos.

São os enormes que me invadem.

Milhares, muitos.

Ter pés descalços é um tranquilizante.

Escrever enquanto espero é angustiante.

Pois espero mais do que escrevo.

Escrevo o que não sou,

e dizem que sou um fingidor.

Estou esperando por isso.

Pelo dínamo da palavra pois me faço floricultor.

E dou cor ao que era só branco.

Derramo água no desencanto, se sede há encanto outra vez,

se seca, a terra se faz estéril.

Se nada nasce desta espera, inútil seria esperar.

Meus pequenos sentimentos habitam um mundo sem alarde,

não tenho muitas histórias para contar,

só conheço pessoas comuns,

e tenho vontades impossíveis.

Concluo coisas elementares,

sei o que todos sabem,

que a vida é breve e frágil.

Os grandes sentimentos que tenho estão em moldes sem perdão,

neles me falta tempo,

me falta afeto,

me falta vontade.

Neles a brevidade se faz em onipotência,

são enganos,

são filosofias, teorias,

são conceitos.

Não há lugar para saberes comuns

pessoas comuns,

vontades comuns.

Ninguém sabe o que sei, que a vida é um caminho de pólvora,

de olhar que tece o afastamento,

a solidão,

o isolamento.

Pois fico com os pequenos sentimentos, que cabem em moldes de barro,

são quebrados,

refeitos,

reeditados.

Pois há um Oleiro.

Os pequenos sentimentos me salvam de um mundo de vaidades,

Os grandes sentimentos me condenam a maldade.

Mais uma vez sei que tudo o que eu sinto emanam das fontes do meu coração enganoso.

sou feito de grandes e pequenos deles. (sentimentos)

E quando penso na cruz, sempre me assusto, pois não entendo o espinho.










quarta-feira, 23 de julho de 2008

Filhos de Orfeu

São contraditórios,
otimistas e pessimistas,
trazem algemas de amor e estão presos na história.
São as pedras no caminho de muitos,
guardiões alados das palavras,
tem sempre um "que" de anjo, pois
conseguem "ouvir estrelas",
estar em montanhas,
descrever a lua seja em qual noite for,
sentem diferente, o vento que todo mundo sente.
Se solitários, não amedrontados,
nas ausências continuam seres meridianos.
Não esquecem de atualizar seus sonhos,
Fracionam a existência, sabem que viver de uma vez,
não os canoniza nem os faz profanos.
Proclamam.
Choram ao som da lira, verdadeiros filhos de Orfeu.
São eles que temperam a vida com seus verbos "magos".
São os que indicam caminhos e contam passos.
Apologéticos e justos.
São alvos fáceis da admiração e do ódio.
Poetas e Profetas não obsolescem,
não permancem com o coração cru,
são incansáveis promotores do incômodo.
Poetas e Profetas seguem sem diferença e chegam ao mesmo fim,
serão, ambos, julgados pela história, diante do mesmo Justo Juíz...
"Vinde a Mim ou Apartái-vos de Mim"

*poema inspirado no texto de Ricardo Gondim - Poetas e Profetas
* concorrendo no concurso Literário Livraria Asabeça - resultado em 2009

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Falso cristal

Que ninguém se engane com esta brandura.
Com minha quietude e doçura,
com meu tom de voz.
Que ninguém se engane com meus passos lentos,
com meu jeito de olhar,
com a minha respiração,
com as orações que faço,
com o meu sorriso,
com a concordância,
com a complacência,
com a minha lassitude, nem com este "ar" lesto que vai abreviando as coisas.
Que ninguém se engane com meus anúncios de sobrevivência,
tampouco com meu silêncio indiferente.
Que não engane a ninguém nada mudar, externamente, em mim.
Não é paz.
Porque, aqui dentro, na minha alma, sou beligerante.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Destino

Sinto medo.
É tudo o que não posso controlar,
minhas decepções,
algumas coleções de desafetos,
meu jeito quieto.
Tenho medo de perder tempo,
de não perceber,
de não amar direito me defender.
Me assustam os medos que tenho.
Me dispo de mim,
meu completo declinio é ser meio a meio.
Sinto medo do silêncio, prenúncio solitário.
Medo de encarar as marcas do tempo,
de ver cansaço mais do que o repouso,
de saber que meu corpo é limitado.
Medo de chorar,
de sentir dor,
de ser vista.
Medo de não ficar bem, tento iu não deficidade.
São coisas que não posso controlar,
os próximos minutos,
o dia seguinte,
o que sentem por mim.
Quantas batidas meu coração aguentará,
estar segura,
manter-me simples,
não ter nada além, nada aquém do que preciso.
O que serei na velhice?
Como estarei até lá?
Que pessoas chegarão ainda,
quais irão embora, e quando.
Por quais coisas ainda irei passar?
São rotas de medo o que sigo.
Sinto medo, porque não posso acrescentar um *côvado que seja, ao curso da minha vida.

* s. m., medida de comprimento, antiga, equivalente a 66 cm.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Turquesa

Saudades dos olhos cor de céu...
da folia,
do salto "lesto e seguro".
Saudade de como dormia.
Esta saudade é particular, não há quem possa sentí-la.
Saudade de quando vinha me encontrar, como se eu fosse uma igual.
Só queria um lugar quente para se enrolar, servia qualquer colo.
Mas se sentia saudade, só o meu colo servia.
Durante toda a tua vida, devia-te uma poesia.
Pena, não poderá ouví-la, por certo entenderias.
Mesmo sem palavra alguma, falávamos tanto.
Bastou-me tua existência, para entender esse apego.
Fez-me tanto bem, vê-la crescer, envelhecer e chegar a hora de ir.(embora tenha doido...)
Há quem não entenda algumas saudades como esta de um bicho.
Mas eu entendo e, tú também entenderias...

* poema simples demais para falar da minha siamesa de 11 anos que se foi mais cedo por causa de um cancêr...

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Objetos e afetos

Das minhas paredes fiz um quarto,
do meu sono, poucos sonhos.
O meu teto é meu limite,
minha casa é alegre e é triste.
São as coisas que tenho, objetos e afetos.
São coisas que não funcionam,
mas estão lá, no canto, no alto, em gavetas.
São as coisas que aguardam quietas e imunes por outras coisas.
São "coleções" soberanas, cheias de histórias.
Atravessam cada nova jornada,
estão na bagagem, na paisagem, nas mãos.
Atravessam o tempo,
morremos e elas ficam, ainda, falando de nós.
São bem maiores do que são,
algumas nos fazem reféns,
outras são nossa memória,
outras não sei.
Objetos abrigam afetos e nunca sairão de onde estão.
São coisas que não funcionam, mas que precisamos tanto.
São as provas da nossa travessia.
Uma forma, incompreensível, de manter preso o "gênio na garrafa"...


* vai ver por isso guardamos tantos "cacarecos"... na tentativa de eternizar a história.