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Obras publicadas em Antologias Poéticas: Obra:Desconstrução Antologia:Casa lembrada, Casa perdida-Editora AG. Obra: Conquista Antologia:Sentido Inverso-Editora Andross. Obras: Nó e Falta de ar Antologia: Palavras Veladas-Editora Andross. Obras: Lembrança, Intento e Flecha Livro: Banco de Talentos. Obra: Alegoria Conceioneiro para a Língua Portuguesa-Portugal: Se eu fosse lua, fazia uma noite e Os poemas: Entre nós e Medida, publicados na Antologia Poética da Câmara Brasileira de Jovens escritores-RJ Sou brasileira, natural de São Paulo, Capital. Formada em Letras, Pedagogia e Psicopedagogia. Participei de vários concursos literários internacionais e nacionais.

segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Grilo Falante

Tudo em paz...
Até na guerra que faço,
ora me faço feliz,
ora vejo a cicatriz dos caminhos que segui.
Tudo em paz, na paisagem,
nas roupas limpas depois da luta,
na volta para casa, depois do luto.
Tudo em paz,
quando falo,
quando conto histórias,
quando penso por horas nas coisas que vivo.
Nas coisas que não vou viver,
nem vou ter,
nem vou ver,
nem experimentar.
Tudo em paz com meus olhos esverdeados,
com o sol de final de tarde,
e com as marcas da idade.
Tudo em paz com as lembranças do dia passado,
com os passeios planejados,
com os poemas exagerados,
com a falta de ar que sinto.
Tudo em paz com tudo que escolhi.
Tudo em paz, exceto essa voz interior que não se cala nunca.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Colcha de Penélope

Quero escrever, quero mesmo,
mas as palavras que tenho não farão versos é certo que não.
São fragmentos do pensamento,
de uma poetisa retalhada,
de mim que estou atada a um universo sem estrelas.
Quero dizer que as poesias que faço,
refaço assim que termino,
nunca estão prontas ou boas,
são pedaços dos meus caminhos.
E ando muito pelo meu pensamento,
tanto que páro e penso, páro e penso e páro e penso....
Só sei tecer as palavras-novelo,
faço durante o dia e desfaço na noite a dentro,
são intermináveis dilemas que tenho.
Ventania de palavras pelo tempo.
Tempo de palavras verdejantes,
da vingança da semente sem a flor,
das palavras que leio e do amor que escrevo.
E o que é o amor?
Para mim que sou poetisa, o amor é uma palavra.
Mas quando não sou dos versos,
o amor é indescritível,
só sei sentí-lo,
vê-lo,
tê-lo.
Depois de apreciar todos os sentidos,
encostar minha cabeça no último abraço.
Só sei ser sorriso, pois palavra alguma sabe dizer do amor que veio.
Só sei que preciso,
sentí-lo,
vê-lo,
tê-lo.

sábado, 22 de dezembro de 2007

Meia vida

Faço silêncio e pareço entender os golpes,
de um coração falido.
Escuto um ruido manso que se desprende do pensamento.
Não sei, mas chamo este som de lamento.
Imóvel para ouvir melhor...
Enfraquecido,
estranho,
meio triste,
meio ofendido,
meio sem abrigo,
sem querer,
sem buscar,
sem ter nada que o faça parar.
É assim,
meio errante,
meio independente,
meio sem fé, até!
Meio apaixonado,
meio estragado,
meio ao meio.
É assim meu coração,
meio partido,
mas,
por hora, recuperado de ter que ser, para sempre, um coração falido.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Desapego

É um desafinado canto que trago comigo.
Tentar saber o que falar...
Tanto tento que páro e também me calo, enquanto guardo o que nunca falo.
É um desajeitado encanto que trago comigo.
Tanto que reparo e páro para ver, o brilho dos meus olhos claros.
Enquanto procuro o que dizer, não são palavras que falo.
Tanto que não sei porque mas sempre me calo.
É um desafeto que consigo ter,
manter por perto o que não sei querer.
Tanto que não quero.
Enquanto procuro o que dizer, palavras são elos.
Tanto que nem sei onde começo e onde termino.
É um jeito de sobreviver, enquanto caminho.
E seguem assim feito de defeitos, meus afetos.
E seguem assim meio sem palavras,
meio sem destino,
meio sem motivos.
Enquanto procuro o que dizer,
a história acaba,
sem nem sequer sobrar uma palavra.
Tanto que não há mais nada.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Busca

Não é hora de ter nada mais ou menos.
Não conheço nada inteiro.
Meio feliz, não conheço.
Meio amor, não conheço.
Meias palavras para resolver.
Meios para entender.
Não é hora de esquecer, mas também nunca me lembro.
Não é hora de sofrer mas também não sei porque?
Não é hora de entender a não ser obeceder algum "velho" sentimento.
Se não pela razão, por ter de novo olhos brilhantes.
Se não pela certeza, pelo risco.
Se não pela mudança, pela diferença.
Se não pela luta, pelas perdas.
Nunca será hora certa de nada, posto que viver é escolher.
Nada será inteiro,
nem pelo meio.
Não existe o "cheio" que não se esvazie.
Nem o vazio sem ser cheio.
Nada mais ou menos,
nada plenamente,
nada completamente.
Sempre haverá uma busca pelo o que falta.
E o que falta?
Tudo, tudo falta.

sábado, 8 de dezembro de 2007

Morte

Um abismo de despedidas.
Há palavras que esquecemos, não porque são fracas,
porque são mentira.
Vivo a força do afastamento,
do confinamento,
do adeus sem volta,
das perdas,
da solidão.
Vejo o próximo abismo de palavras definitivas, de um não.
Não há volta, nem pergunta, nem resposta.
Só a força da contradição,
do que falta,
do fim de tudo.
Sigo culpada,
sem nada,
sem rumo,
sem quem buscar.
Sozinha.
Quem sabe num desses dias,
na madrugada eu acorde, e sinta pena de mim.
Viciada em vacilar,
só vejo o outro abismo de sentimentos que me roubam a razão.
Fui saqueada.
Ficou a loucura, meu corpo e a porta fechada.
Não mereço nada, só outro abismo,
que separe meu lado insano do meu lado são.
E no vão entre eles,
que eu tenha a sorte de um pulo preciso,
para não morrer em vão.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Ilusão

Tudo que sei é que algo aqui dentro não se acalma.
Alma bélica como se fosse a última luta.
Também sei que tento versos,
tento achar minha razão,
meus argumentos,
sabotando minha emoção,
calando minha vontade,
esmagando meu coração até que só sobre saudade.
Tudo que sei é que não me conheço,
que não mereço nada,
que não posso escolher minha estrada.
Tudo que sei é que não sou de ninguém,
que não amo direito,
que não vejo defeito em sofrer.
Tudo que sei é que não me defendo,
que não sei viver,
que me escondo,
que me protejo,
que fecho os olhos e não vejo.
Tudo o que sei é que só respiro,
e que respeito a força,
e a moça bonita que trago por dentro.
Tudo o que sei é que minto,
quando na verdade eu sinto,
quando na verdade quero,
quando na verdade espero.
O resto é tudo o que não sei.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Simplicidade

Só mesmo quem sente sabe, sabe da dor e da vontade. Vontade que ela se acabe.
Que tudo vire em amor e em caminhadas no parque.

Prefácio

Estou aqui nesta briga,
obrigo o verso a curvar-se,
atar-se na minha frase.

Esqueço que é livre, que vive por aí pelo vento,
desprendido,
meio à toa,
ora capturados,
e refens das páginas dos livros.

Quem disse que os versos estão presos nos livros? São sombras, deles ali.
Estão por aí,
nas paixões desmedidas,
nas canções dos felizes,
nas cicatrizes da vida.

Nos livros, ficam os versos "escravos",
tem fim, tem começo, tem preço.
Poetas também são carrascos?
sem piedade, sem dó?
Fazem livros, ajuntam pó.

Versos são livres,
são sós,
são palavras a esmo, recolhidas por olhos atentos.
Não há donos de versos,
há diversos versos sem dono,
sem livros,
sem linhas.
Andam livres de poetas tiranos.

Estes que faço só ficam um pouco e se vão.
Estão libertos.
Em vão é essa briga que faço? Mas faço.
Quem sabe, enquanto brigo, um verso de paz venha
e fique comigo.
Em tempo, faço um livro,
desejando que cada trecho habite a fala,
a sala,
a alma de alguém e não só as suas estantes.