A intenção é fazer poesia, mas a lírica não combina com a verdade.
Qual herança deixaria se eu fosse morrer agora?
Minhas fotos,
minhas poesias,
minhas tentativas de domar meu coração,
um amor,
uma filha,
uma estrada interrompida,
uma lista de amigos,
um quadro que pintei um dia,
meus desenhos,
meus afetos,
deixaria minhas tentativas e não a confiança que não tenho em mim, isso eu levaria.
as coisas que guardo nas gavetas,
minhas músicas,
as coisas que escrevi e ninguém leu.
os livros que li,
meus depoimentos,
minha voz gravada em alguns registros da vida.
meus segredos, levaria, do contrário não seriam segredos.
os revelados, deixaria, para sempre ser o assunto de uma lembrança.
Mas há coisas que não posso deixar:
a imagem de uma noite de lua cheia,
o branco que vi das margaridas que gosto tanto,
o gosto de ganhar de presente um chocolate meio-amargo,
um beijo saboroso,
meus abraços, os que recebi, os que dei serão lembrados.
a sensação boa de alguém confiando em mim,
as lágrimas que recolhi,
confissões de um amigo,
o cheiro de um molho de tomate,
as lutas da minha alma,
ansiosas esperas pela felicidade,
o sol batendo no rosto,
e a infinita busca por mim mesma.
Se eu fosse morrer agora, teria vivido bem, posto que a vida é de alegria e tristeza, de encontro e desencontro, de paixões e afastamentos, de dias incrivelmente felizes e outros nem tanto.
Se eu fosse morrer agora de uma coisa saberia que o que escolhi amei e o que amei me formou e o que eu sou, eu sou!
Estes versos são frutos de um desejo "encubado". Pretendem ser poemas.São reflexos de pessoas que amam as palavras e que também me ensinaram a amá-las. Abro minhas gavetas, na tentativa de dividir o verbo e trazer á luz o que poderia "amarelar" com tempo. Tempo este que seguirá, independente de minhas escolhas. Escolhi então, repartir palavras e compartilhar a mim mesma.
Quem sou eu
- Eliana Holtz
- Obras publicadas em Antologias Poéticas: Obra:Desconstrução Antologia:Casa lembrada, Casa perdida-Editora AG. Obra: Conquista Antologia:Sentido Inverso-Editora Andross. Obras: Nó e Falta de ar Antologia: Palavras Veladas-Editora Andross. Obras: Lembrança, Intento e Flecha Livro: Banco de Talentos. Obra: Alegoria Conceioneiro para a Língua Portuguesa-Portugal: Se eu fosse lua, fazia uma noite e Os poemas: Entre nós e Medida, publicados na Antologia Poética da Câmara Brasileira de Jovens escritores-RJ Sou brasileira, natural de São Paulo, Capital. Formada em Letras, Pedagogia e Psicopedagogia. Participei de vários concursos literários internacionais e nacionais.
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008
Líquido dos sábios
Tem sol lá fora,vento e gente pelas calçadas.
Parte de mim é contente a outra, não sei...
Agora, só queria um café, cheio de charme, daqueles de Buenos Aires...
Parte de mim é contente a outra, não sei...
Agora, só queria um café, cheio de charme, daqueles de Buenos Aires...
terça-feira, 12 de fevereiro de 2008
Sem título
Pai,
O que posso dizer quando o que preciso é ouvir.
Justiça, paz e um abraço que me faça acreditar outra vez.
Em mim, a grande parte desiste e é tão pouco o que insiste em se refazer.
Dias estes em que só posso esperar que o sol se vá.
Que a noite chegue e eu fique aqui pensando no que Te falar.
Tudo foge.
Tudo ficou tão longe para eu chegar.
Tudo é uma saudade,
Uma lembrança,
Um deserto certo, sem água e sem sombra.
Pai,
Não sei,
Não posso,
Não quero,
Mas mesmo assim eu faço, o que não sei, o que não posso, o que não quero.
Ninguém diz que isto é oração, mas tenho um coração rasgado aqui.
Pai,
Em que parte do caminho deixei-me?
Só e sem luz,
penso na Tua cruz e uma dor imensa me aperta a garganta.
O que posso dizer?
Cuida de mim que não sei voltar.
O que posso dizer quando o que preciso é ouvir.
Justiça, paz e um abraço que me faça acreditar outra vez.
Em mim, a grande parte desiste e é tão pouco o que insiste em se refazer.
Dias estes em que só posso esperar que o sol se vá.
Que a noite chegue e eu fique aqui pensando no que Te falar.
Tudo foge.
Tudo ficou tão longe para eu chegar.
Tudo é uma saudade,
Uma lembrança,
Um deserto certo, sem água e sem sombra.
Pai,
Não sei,
Não posso,
Não quero,
Mas mesmo assim eu faço, o que não sei, o que não posso, o que não quero.
Ninguém diz que isto é oração, mas tenho um coração rasgado aqui.
Pai,
Em que parte do caminho deixei-me?
Só e sem luz,
penso na Tua cruz e uma dor imensa me aperta a garganta.
O que posso dizer?
Cuida de mim que não sei voltar.
sábado, 9 de fevereiro de 2008
Risco
É hora de sentir o risco,
de doar palavras,
de doer por dentro,
de medir o tempo,
de acreditar.
É um querer bonito e frágil,
um desejo de parir o mundo,
um profundo afeto marejando o que virá.
Morna ternura em meio ao estranho deserto.
Silêncio de ventos,algo promissor para olhos cansados,
estremecimentos de um choro latente no coração de quem sabe que aguenta.
Lamentos de rápidos lábios entrabertos.
O risco iminente de quem quer muito ver de perto o que mais ama.
A vida vai rasgando o peito para que o ar entre lentamente,
e nas pequenas brechas do corpo,
luz e calma serão meu alimento para a caminhada.
Quando for hora do nascimento,
quero ter em meus braços esse rebento.
Envolto em sonhos, disperto pelo meu beijo agradecido.
Em saber que estive gerando, em mim, um mundo de coragem.
de doar palavras,
de doer por dentro,
de medir o tempo,
de acreditar.
É um querer bonito e frágil,
um desejo de parir o mundo,
um profundo afeto marejando o que virá.
Morna ternura em meio ao estranho deserto.
Silêncio de ventos,algo promissor para olhos cansados,
estremecimentos de um choro latente no coração de quem sabe que aguenta.
Lamentos de rápidos lábios entrabertos.
O risco iminente de quem quer muito ver de perto o que mais ama.
A vida vai rasgando o peito para que o ar entre lentamente,
e nas pequenas brechas do corpo,
luz e calma serão meu alimento para a caminhada.
Quando for hora do nascimento,
quero ter em meus braços esse rebento.
Envolto em sonhos, disperto pelo meu beijo agradecido.
Em saber que estive gerando, em mim, um mundo de coragem.
Saudade
O vento bate no rosto e de repente dá uma saudade de tanta coisa.
Saudade é um "num sei que" que chega lenta e segura, quando vê já está ali, revolvendo a terra das lembranças...
Um pensamento alegre desses de infância, algo que eleva os olhos e surge cheio de verdades.
As viagens para a casa dos primos.
Os Natais coloridos e fartos de abraços e orações, que aconteciam no barracão.
As pracinhas de Tatuí em pleno calor de janeiro.
As piscinas e a jaboticabeira, carregada, que morava no quintal da minha tia. (hoje em dia, não estão mais ali, mas o cheiro ficou no ar...)
As roupas coloridas de menina, os enfeites de cabelo, os desenhos, os sorvetes...tudo tínhamos igual, só nunca fomos iguais. Muitas mulheres na família, muitas vozes agudas pelos corredores e quartos, e sempre uma música para cantar.
Café da tarde, bolo e preguiça.
Doces e visitas nas casas de todos. Brigas? também...disputa para saber com quem ficaria a prima de São Paulo.
O ar era excessivamente sincero naquela época parecia que não sofríamos, que não havia lágrima em nós, éramos sorrisos e imaginação.
Era bom viver, muito bom.
O céu era sempre azul e Deus fazia do dia o mais bonito para nós brincarmos e sonhávamos com a realidade, como se ela fosse um sonho. Descobríamos coisas e gardávamos segredos. Havia doçura e braços livres e um coração cheio de eternidade.
Todas as ruas da cidade eram bonitas e calmas, todos se conheciam e riam sob o sol do dia, pareciam libertos pelo amor e aceitavam os que vinham pelo caminho.
O grande pinheiro da praça parecia maior do que os prédios da Avenida Paulista, era alto e simpático. No Natal nada era mais bonito do que as suas "roupas" de dezembro, brilhantes, tanto que faziam disparar qualquer coraçãozinho de 8 anos.
Carregava nos braços um nenino de roupa prateada, que nunca entendi porque, vivia em uma caixa de madeira com portinha de vidro... "Menino Jesus" dizia a voz enrrugada da minha avó.
Tudo era alto e incrível.
Saudade dos maracujás doces que, não sei, ou me encantavam as flores ou por vê-los pendurados, aos montes, no quintal da minha prima.
Éramos cheios de pressa para nos ver, meninos e meninas e a distância valia, pois a festa do encontro nos fazia seres amados.
Sinceramente, vivíamos e sabíamos que éramos abençoados, quando a noite nos adormecia tarde, já exaustos de tanto pensar nas coisas que queríamos para o dia seguinte.
O dia seguinte era sempre glorioso e misturado às nossas meninices, víamos o horizonte dos campos e plantações de uma cidade do interior e sabíamos, que éramos como as árvóres, os pássaros e todas as coisas que nasciam ali. Sabíamos que chegaria o momento de crescer, mas sempre deixávamos isso para depois, pois sentir saudade é para quem, agora, adormece e revivive, nos sonhos, a realidade dos dias quentes de janeiro com a família.
Saudade é um "num sei que" que chega lenta e segura, quando vê já está ali, revolvendo a terra das lembranças...
Um pensamento alegre desses de infância, algo que eleva os olhos e surge cheio de verdades.
As viagens para a casa dos primos.
Os Natais coloridos e fartos de abraços e orações, que aconteciam no barracão.
As pracinhas de Tatuí em pleno calor de janeiro.
As piscinas e a jaboticabeira, carregada, que morava no quintal da minha tia. (hoje em dia, não estão mais ali, mas o cheiro ficou no ar...)
As roupas coloridas de menina, os enfeites de cabelo, os desenhos, os sorvetes...tudo tínhamos igual, só nunca fomos iguais. Muitas mulheres na família, muitas vozes agudas pelos corredores e quartos, e sempre uma música para cantar.
Café da tarde, bolo e preguiça.
Doces e visitas nas casas de todos. Brigas? também...disputa para saber com quem ficaria a prima de São Paulo.
O ar era excessivamente sincero naquela época parecia que não sofríamos, que não havia lágrima em nós, éramos sorrisos e imaginação.
Era bom viver, muito bom.
O céu era sempre azul e Deus fazia do dia o mais bonito para nós brincarmos e sonhávamos com a realidade, como se ela fosse um sonho. Descobríamos coisas e gardávamos segredos. Havia doçura e braços livres e um coração cheio de eternidade.
Todas as ruas da cidade eram bonitas e calmas, todos se conheciam e riam sob o sol do dia, pareciam libertos pelo amor e aceitavam os que vinham pelo caminho.
O grande pinheiro da praça parecia maior do que os prédios da Avenida Paulista, era alto e simpático. No Natal nada era mais bonito do que as suas "roupas" de dezembro, brilhantes, tanto que faziam disparar qualquer coraçãozinho de 8 anos.
Carregava nos braços um nenino de roupa prateada, que nunca entendi porque, vivia em uma caixa de madeira com portinha de vidro... "Menino Jesus" dizia a voz enrrugada da minha avó.
Tudo era alto e incrível.
Saudade dos maracujás doces que, não sei, ou me encantavam as flores ou por vê-los pendurados, aos montes, no quintal da minha prima.
Éramos cheios de pressa para nos ver, meninos e meninas e a distância valia, pois a festa do encontro nos fazia seres amados.
Sinceramente, vivíamos e sabíamos que éramos abençoados, quando a noite nos adormecia tarde, já exaustos de tanto pensar nas coisas que queríamos para o dia seguinte.
O dia seguinte era sempre glorioso e misturado às nossas meninices, víamos o horizonte dos campos e plantações de uma cidade do interior e sabíamos, que éramos como as árvóres, os pássaros e todas as coisas que nasciam ali. Sabíamos que chegaria o momento de crescer, mas sempre deixávamos isso para depois, pois sentir saudade é para quem, agora, adormece e revivive, nos sonhos, a realidade dos dias quentes de janeiro com a família.
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