Sei-me algo inacabado, parte de mim não sai do rascunho, falta traço.
Quem me desenha não tem talento, vou sempre me retocando. Fico no escuro do quarto me tornando inofensiva, quieta. Inquieta nas vontades. Primeira nas vaidades, ainda maturando diante do espelho. Fico em cascas, sem culpa por nutrir raiva, mas sem querer viver nela. Eu mesma me carrego no colo, acreditando que sei o que faço. Fico ninando meu ego, certa de que o sono virá. Sono não é descanso, nem tudo está refeito ao despertar. Deixo de lado os contornos. O que penso sobre mim ainda carece retoques. Não via ainda quem não precise de borracha. Fico entre rir e chorar ambos me fazem bem. Vou passar. Há coisas que já não faço: encarar o sol sem protetor, estar na multidão, viagens sem conforto, madrugadas sem dormir, dietas insanas, não sair sem relógio,viver dando explicações, tentando falar quando não me ouvem, me desdobrando para ser vista. Não me interessam os belos discursos tão distantes da ação. Vou passar e me dedico em aprender mais sensibilidade do que o "tecniquês vazio" que nos é imposto. Me dedico ao direito de ter razão e discordar. Me dedico a querer ofertar flores, sem o rótulo da insanidade. Quero ter a sorte de encontrar boas parcerias por onde eu for, gente que queira a melhor parte de mim. Que minha trajetória seja feita de saudade desses seres raros que despertam a vontade de poetizar os dias e cumprir o dever. Quero muito, no meu quarto escuro, nas noites minhas, rasgar um sorrido só por saber que não é devaneio, mas é possível. Quero viver entre os sobreviventes*, esses sim, sabem povoar o coração com suas experiências e sabedoria... Primeiro o prazer, o prazer de estar lado a lado com quem sabe cumprir seu dever! E isto não é um belo discurso, passa a ser uma busca!
*sobreviventes: todos que pelo caminho, tentaram ser feliz!!!
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