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Obras publicadas em Antologias Poéticas: Obra:Desconstrução Antologia:Casa lembrada, Casa perdida-Editora AG. Obra: Conquista Antologia:Sentido Inverso-Editora Andross. Obras: Nó e Falta de ar Antologia: Palavras Veladas-Editora Andross. Obras: Lembrança, Intento e Flecha Livro: Banco de Talentos. Obra: Alegoria Conceioneiro para a Língua Portuguesa-Portugal: Se eu fosse lua, fazia uma noite e Os poemas: Entre nós e Medida, publicados na Antologia Poética da Câmara Brasileira de Jovens escritores-RJ Sou brasileira, natural de São Paulo, Capital. Formada em Letras, Pedagogia e Psicopedagogia. Participei de vários concursos literários internacionais e nacionais.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Efeito

Que nome terá essas,
adocicadas sensações que todo mundo sente?
Reclamam os sentidos,
suam as mãos,
estremecem as pernas e por fim, falta a voz.
Ficamos a céu aberto, expostos.
Vítimas do ridículo absoluto.
Que nome se dá para a vontade viajante,
ora está no beijo,
ora em um abraço,
ora faz desejar o outro como ele está.
Que nome se dá para uma paisagem de porta retratos?
Uma passagem pelo futuro e ver-se ali lado a lado,
voltar, e continuar lado a lado...
Que nome se dá a um sorriso antecipado?
A ausência endolente,
faltando o cheiro,
o jeito,
o gesto, do outro?
Que nome tem o outro?
Tem esse que veio ao pensamento.

terça-feira, 21 de abril de 2009

21 de abril

...sua independência foi o céu,
deve ser céu de abril,
de azul largo,
limpo,
desses que temos aqui.

...ganhou o ar,
um corpo saudável,
e longas conversas com o "Autor da história".

...ganhou sorriso,
deixou também.

Lembrando que seriam 68,
(número breve para a existência).
Seria hoje em céu de abril...

...ganhou a eternidade.

(meu pai, faria hoje, 68 anos, mas se foi cedo, teve pressa em viver. Não trocaremos abraços, mas meu coração tão feliz, se lembra do último que ganhei. Tivemos corações convertidos, um ao outro, nenhuma palavra se foi com ele e nenhuma ficou comigo, falamos. Sabemos, 30 dias, muitíssimo pouco para exercitar um amor de muitos anos, mas foi assim, 30 dias que voltei para o colo dele, feito a menininha lá dos idos de 70 e pouco, quando nasci. O cenário não era dos melhores, UTI não é cenário, são os bastidores. Esperamos que "ensaiando vida" ele viesse abrir as cortinas, estaríamos com ele, certo que sim. Mas, daquele novembro em diante, ele saiu de cena, Deus tinha outros planos. Nós que ficamos, sabemos que é preciso amar as pessoas "como se não houvesse amanhã" ...

segunda-feira, 13 de abril de 2009

5 minutos

...com as palavras que sei, com todo o viço.
Sem joelhos dobrados, nem mãos juntas,
nem olhos fechados.
No silêncio,
na verdade da noite que termina.
Meu coração, em tantas coisas clandestino,
abriga gratidão sem fim.
Fui ver o que se define por ressurreição:

ressurreição
s. f.
1. Acto de ressurgir.
2. Vida nova; renovação.
3. Reaparição.
4. Cura extraordinária, inesperada.
5. Festa cristã da ressurreição de Jesus Cristo.

E, com cara de páscoa*, entendi.
com as palavras que sei, agradeci,
em pé,
perto da janela, olhando o céu de abril...
Foram cinco minutos com ELE,
que é o dono da eternidade.
"Obrigada Deus, SUA vida,
reaviva a vontade que tenho de nascer de novo todos os dias,
melhor,
mais sábia,
mais justa, sem nunca perder a doçura,
em tempo algum".



*com cara de páscoa: rosto alegre, pessoa risonha e prazenteira. (segundo o dicionário)

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Pausa

Descobri a pouco,
a luz batendo em olhos incomuns.
O coração tem raízes,
o meu tem.
Tenho muitos "porques",
hoje não vou revirar minhas razões.
Não vou ser deselegante com a descoberta.
Olhos são incomuns,
os meus são.
Não vou apartar minhas brigas.
Não vou refletir.
Não vou negar o beijo.
Não  vou cruzar os braços.
Abraço é contornar o outro,
uma forma, aconchegante, de entender um lúcido afeto.
O meu é.
Andam a distância que for,
quando o destino é promissor.
Eu ando.
Não vou separar isso daquilo.
Somos misturados.
Eu sou.
Minha cisma é pensar, que posso transformar prata em ouro.
Eu posso.
Pois tudo que tenho é valioso.
Pois tudo o que sou pode ser lapidado.
Como o sol quando nasce, brilhando mais,
e mais,
e mais,
até ser um dia perfeito.
 




segunda-feira, 6 de abril de 2009

Vou

Posso querer outras coisas,
com afeto,
com vontade gostosa,com cara indisfarçavel.
O que é desconhecido,o desafio,
o outro passo, mexem comigo.
É de efeito vital,
esvaziamento de saberes,
para novos saberes.
Fico sob suspeita,
de que vou sem pressa,
mas sedenta.
Sob olhares,
sob afagos,
sob acenos.
Sobre tudo vou,
certa de que posso ter outras coisas.
Com projetos,
com afeto,
com promessa.
Prometo a mim,
ser aprendiz.
Posso fazer outras coisas,
edificar a mim.
Eu vou num caminho de ensaios,
até a cena ficar perfeita.

domingo, 5 de abril de 2009


Isso é de Mia Couto, que agora empresto:

"... (a ele) deram transfusão de sangue. Para mim, o que eu queria era transfusão de vida, o riso entrando na veia até me engolir..."



Domingo pela manhã

Meu ser inteiro é humano, meu coração abrigo das fontes da vida. Minha mente, armazém das minhas ações, cada parte de mim completa a plenitude terrena.
Sei que acordo, vejo o céu e penso que um dia estar lá, quase todos queremos um céu habitável. Ninguém quer o inferno. Inverno eterno. Queremos o sol do paraíso. As ruas de ouro e muito riso. Nada de chorar, ranger dentes e ser destinado a perdição. Penso outra vez, em como fazer um convite para Deus, como ELE pode morar em tão pequeno coração? Como ELE pode entrar por uma única porta trancada? Como DEUS pode morar em um coração? Literal como sou, esqueço que há metáforas na fé. Penso nas várias coisas ensinadas sobre Deus, a QUEM nunca vi com meus olhos reais, e que sempre procurei nas várias teorias que um dia ouvi. Não dá para ver a DEUS, mas passei a imaginá-lo, já que fui criada com essa capacidade inventiva. Meu dilema é me aproximar do que sempre foi tão intangível, Deus. Quais palavras ter com ELE? Como pedir licença para entrar no templo?  com véu, sem véu?  que roupa devo usar para uma "audiência" com Deus?
Nossa, tenho tatuagem, e me disseram que é coisa do capeta...como agora, vou falar com Deus? mas tenho outras marcas também, por exemplo, das escolhas onerosas que fiz, para mim também são tatuagens do lado de dentro.
Ouço Caetano, Chico, Tom, tomo cerveja gelada no calor de um dia de verão,  penso poesias. Me distancio do divino? Não são coisas da criação?
Meu ser inteiro é humano, vivo em um mundo de guerras e flores, minha sala é cenário de madrugadas insones,  e saio de manhã ainda com sensação de surpresa.
Não sei se quero o céu, quero primeiro a DEUS, ser capaz de um amor que não enxerga cor, tamanho, medida, esse ou aquele.  Ter uma humanidade tamanha que não aceite mais, o mundo avesso, decadente com gente ainda achando que Deus fica nos templos, que só ouve verbos amantíssimos, e desaprova uma cerveja,  decente, em um dia de calor.
Minha sede é de água viva, minha fome é de pão da vida, e meus olhos são para o céu, paraíso dos humanos não dos divinos.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

... por um tempo, tenho visto tudo com olhar de turista, com mãos transitórias, com a sensação de que amanhã o lugar será outro.
Vivo com a sensação de surpresa: ao abrir minha caixa de e-mail, ao sair de casa pela manhã, ao atender ao telefone, ao falar com alguém. Escrevo por urgência. Escrevo para conversar comigo, um exercício de convencimento, uma ato de paciência, um desejo de confissão. Fazendo faxina, ainda convivo com as mazelas da adolescência e encaro as acusações de um futuro que nem sei qual será. Acho mesmo, que sou minha maior inimiga, aceitando uma lógica de penitências, antes mesmo de errar e acabo entendendo que viver é mais complicado do que realmente é. Não pode ser. Muitas vezes tratei arranhões por causa das advertências, das auto punições, das ruindades que moravam em mim e que não deveriam morar... tive cortes morais, religiosos, estanques e ainda trato os vergões. Vez por outra refaço curativos. Falar com Deus só com os verbos mais eruditos, com liturgias, com respeito mudo. Conflito. Fazendo faxina, descobri o quanto sou feito meu pai, reflexiva, de humor pontuado e breve. Ele foi um mistério. Ele se foi cedo demais para quem, como eu, tinha acabado de chegar no coração dele e ele no meu. Fazendo faxina, sou como minha mãe, forte com doçura no olhar e dessa mistura, estou aqui interferindo na história. Numa noite dessas, tentei uma conversa com verbos humanos, vendo Deus como sei, como acho, como entendo. Grande e que independe da minha fala poética para fazer o que pretende. Falei, fiz protestos, resmunguei, rimos acho, e também chorei. Inexplicavelmente Ele estava lá. Como sei?
não sei como sei, mas Ele estava lá.
Sou minha maior inimiga. As ruindades que moram em mim também me construiram, minha questão não é mais ser irretocável, nunca "tropeçar nos próprios cadarços", mas viver minha humanidade "matéria prima" da qual fui feita.